Utentes denunciam falta de médico “há três meses” na extensão de saúde de Canal Caveira

10 de Dezembro 2021

A extensão de saúde de Canal Caveira, no concelho de Grândola (Setúbal), está sem médico de família “há três meses”, denunciou a comissão de utentes que exige a colocação de uma equipa de saúde com periodicidade regular.

“Quando reabriu a extensão de Canal Caveira, em 2016, o médico começou a ir uma vez por semana. Depois passou a ir uma vez de quinze em quinze dias e depois todos os meses”, explicou o porta-voz da Comissão de Utentes dos Serviços Públicos de Grândola, Mariano Paixão.

A situação piorou “há três meses” porque “o médico deixou de vir ao Canal Caveira fazer as consultas que fazia normalmente”, revelou o responsável, acrescentando que a extensão de saúde “não funciona e está fechada”.

De acordo com Mariano Paixão, a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA) “diz que têm dificuldade em arranjar médicos”, deixando “cerca de 400 habitantes, na maioria idosos”, sem consultas.

“Temos pedido uma reunião com a administração da ULSLA, que é quem coordena o sistema de saúde na região, e não nos foi facultada uma resposta, mas as informações que temos é que há falta de médicos”, afirmou.

Sem médico na extensão de saúde de Canal Caveira, os utentes “deslocam-se com muita dificuldade à sede do concelho, Grândola, mas como o médico de família é o que vai geralmente a Canal Caveira, quando chegam a Grândola têm dificuldade em ter consultas ou por vezes não têm”, acrescentou.

“Esta é uma situação muito complicada porque a maioria das pessoas é idosa, algumas vivem sozinhas, quem os leva à vila são os filhos, amigos ou têm de recorrer a um táxi”, relatou o representante da comissão de utentes.

Numa sessão pública, que contou com a presença do presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e de autarcas, a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Grândola aprovou um abaixo-assinado a exigir a colocação de “uma equipa de saúde com uma periodicidade regular” em Canal Caveira.

“O abaixo-assinado será entregue ao conselho de administração da ULSLA, ao conselho diretivo da Administração Regional de Saúde do Alentejo, ao futuro Governo, bem como ao futuro ministro da Saúde”, adiantou.

Contactado pela agência Lusa, o conselho de administração da ULSLA refere que a extensão de Canal Caveira não é considerada um polo de Saúde, pelo que “não integra formalmente a rede de locais da prestação de cuidados de saúde primários”.

Numa declaração por escrito, a ULSLA explica que aquela extensão é “um dos pontos complementares da prestação de cuidados médicos” e reafirma o seu compromisso em “assegurar a deslocação da médica ao Canal Caveira, pese embora todos os utentes desta localidade tenham médico de família em Grândola”.

Revela ainda que a ULSLA acordou recentemente com a Câmara de Grândola, proprietária do imóvel onde a médica presta as consultas, a total disponibilidade para avançar com a requalificação do espaço, dotando-o das condições exigidas a um local de prestação de cuidados de saúde”.

LUSA/HN

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