Legislativas: BE acusa Governo de “impreparação” e aponta saúde como prioridade

30 de Dezembro 2021

Catarina Martins defende que a concretização da Lei de Bases da Saúde deverá ser a prioridade do próximo Governo e acusa o Executivo de revelar uma “enorme impreparação” na resposta à atual fase da pandemia de covid-19.

“É necessário tirar a Lei de Bases da Saúde do papel e fazer dela uma realidade, criando um estatuto para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), não aquela proposta que o Governo apresentou que não resolve nada”, afirmou a coordenadora do BE, em entrevista à Lusa, a propósito das eleições legislativas de 30 de janeiro.

Para o BE, “o SNS não tem meios e tem uma organização que está obsoleta” e, por isso, é necessário concretizar a legislação fundamental da saúde aprovada há dois anos, mas, criticou, o PS “não tem vontade de mudar nada, nunca a tirou do papel”.

Continuar a atrasar a aplicação da Lei de Bases da Saúde vai degradar ainda mais a qualidade dos serviços públicos de saúde, considerou: “Os profissionais de saúde estão exaustos, fazem autênticos milagres todos os dias, mas não estão a responder como é necessário à população”.

A saúde, em particular a concretização da Lei de Bases, é, para o BE, primeira condição para negociações à esquerda na sequência das eleições de 30 de janeiro, apontou.

Sobre a presente fase da pandemia, Catarina Martins acusou o Governo de demonstrar “uma enorme impreparação”, uma vez que o atual pico de casos de infecção pelo vírus que provoca a covid-19 era expectável nesta altura do ano e devia ter sido acautelado o reforço dos recursos.

“[O Governo], como quer atrasar toda a despesa, como quer ver se não faz a despesa, faz a despesa tarde demais, sistematicamente tarde demais. Ouvimos a ministra da Saúde dizer na terça-feira que ia finalmente reforçar a Saúde 24, já depois de a Saúde 24 estar em colapso”, criticou.

A coordenadora bloquista, reeleita em maio para mais um mandato à frente do partido, considerou também que “não há nenhuma novidade em haver uma nova variante” do SARS-CoV-2 e que o Governo voltou a demonstrar que não estava preparado.

“Há meses que sabíamos que ia aparecer uma variante nova. Há meses que se sabia que o país tinha de estar preparado para isso. É normal, não se está a vacinar o mundo todo, as variantes novas aparecem (…). E o Governo, em vez de reforçar as equipas, em vez de proteger os médicos de família, os enfermeiros e os cuidados primários, o que fez foi empurrar para os cuidados primários de saúde todo o trabalho de um enorme número de casos”, completou.

Catarina Martins sustentou que “ao fim de dois anos não devíamos estar a falar de impreparação” e que, “o facto de Portugal ser um dos países que menos gastou com a pandemia não é bom”.

NR/HN/LUSA

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Consórcio português quer produzir terapias inovadoras com células CAR-T

Um consórcio português que junta clínicos, investigadores e académicos quer desenvolver capacidade nacional para produzir terapias inovadoras com células CAR-T, uma forma avançada de imunoterapia que tem demonstrado taxas de sucesso em certos cancros do sangue, foi hoje divulgado.

Consumo de droga em Lisboa aumentou e de forma desorganizada

Uma técnica de uma organização não-governamental (ONG), que presta assistência a toxicodependentes, considerou hoje que o consumo na cidade de Lisboa está a aumentar e de forma desorganizada, com situações de recaída de pessoas que já tinham alguma estabilidade.

Moçambique regista cerca de 25 mil casos de cancro anualmente

Moçambique regista anualmente cerca de 25 mil casos de diferentes tipos de cancro, dos quais 17 mil resultam em óbitos, estimaram hoje as autoridades de saúde, apontando a falta de profissionais qualificados como principal dificuldade.

Ana Povo e Francisco Nuno Rocha Gonçalves: secretários de estados da saúde

O XXV Governo Constitucional de Portugal, liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, anunciou a recondução de Ana Margarida Pinheiro Povo como Secretária de Estado da Saúde. Esta decisão reflete uma aposta na continuidade das políticas de saúde implementadas no mandato anterior.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights