Zimbabué vota em eleições parciais consideradas teste para as presidenciais de 2023

27 de Março 2022

O Zimbabué votou este sábado as eleições legislativas e locais parciais, consideradas um teste para as eleições presidenciais de 2023, mas ensombradas por uma baixa taxa de participação.

Nas eleições, que a pandemia impediu que se realizassem antes, os cidadãos deviam eleger 28 deputados ao Parlamento, composto por 270 membro – e 105 câmaras locais.

Os lugares estão vagos por morte de alguns deputados e por destituição de outros, por lutas internas no seio da oposição.

A meio da manhã de ontem, após a abertura das mesas de voto às 07:00 (05:00 em Lisboa), havia mais polícias a vigiar o processo eleitoral no centro de votação na Escola Primária Avondale, em Harare, do que eleitores, relata a agência Efe.

Na segunda cidade do país, Bulawayo, a chuva também parecia diluir o entusiasmo dos votantes em depositar os seus boletins de voto.

Foram as primeiras eleições para o principal partido da oposição, Coligação de Cidadãos pela Mudança (CCC), uma nova formação surgida da refundação da antiga Aliança do Movimento pela Mudança Democrática (MDC), depois de lutas internas pelo poder no seio do partido na sequência da morte, em 2018, do seu fundador, Morgan Tsvangirai.

Em declarações aos jornalistas, o líder da CCC, Nelson Chamisa, disse que a baixa participação era “preocupante” e acusou a Comissão Eleitoral do Zimbabué (ZEC, na sigla em inglês) de “alimentar o cinismo dos votantes”.

“A ZEC está, literalmente, a promover a apatia, assegurando-se de que as pessoas estão frustradas, que a votação seja reprimida e que as pessoas sejam rejeitadas”, disse Chamisa após votar em Kuwadzana, na capital.

A ZEC foi acusada de não fazer o suficiente para promover a inscrição eleitoral, tendo registado apenas 3.000 novos eleitores ao longo de 2021 e apenas 50.000 numa campanha lançada em fevereiro.

A campanha eleitoral para estas eleições ficou marcada por tensão política e queixas da oposição.

A Polícia impediu ou restringiu a celebração de muitos comícios da CCC.

Além disso, um militante da formação morreu e outros 10 ficaram feridos após um grupo de alegados apoiantes armados do partido no poder, a União Nacional Africana do Zimbabué-Frente Patriótico (ZANU-PF) os atacar durante um ato eleitoral.

A porta-voz do partido opositor, Fadzayi Mahere, afirmou que “um grande número” de votantes registados tinha sido rejeitado numa assembleia de voto em Harare porque os seus nomes não estavam na lista.

O porta-voz do Governo, Nick Mangwana, refutou as acusações e assegurou, na rede social Twitter que “quase não há incidentes de votantes rejeitados”.

Foram as primeiras eleições no Zimbabué desde as de julho de 2018, em que ganhou o atual Presidente, Emmerson Mnangagwa.

Os resultados dessas eleições foram impugnados na justiça por Chamisa, mas o Tribunal Constitucional acabou por validá-los.

Mnangagwa chegou ao poder após a demissão de Robert Mugabe em 2017 – após quase quarenta anos no poder – forçada pelo Exército e pela liderança da ZANU-PF, naquilo que o então chefe de Estado, que, entretanto, já morreu, considerou sempre um golpe de Estado.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

30.º CNMI destaca a importância do rastreio nutricional hospitalar

Ricardo Marinho foi palestrante da sessão intitulada “Risco nutricional a nível hospitalar: como reconhecer e orientar”, e moderada por Aníbal Marinho. Nesta sessão, o especialista destacou a importância crucial do rastreio nutricional em ambiente hospitalar, especialmente no contexto da Medicina Interna, e delineou estratégias para identificar e orientar adequadamente os doentes em risco.

Medicina de precisão VS Medicina Baseada na Evidência

No 30.º CNMI, José Delgado Alves destacou-se como palestrante na sessão “Medicina de precisão VS Medicina baseada na evidência”, moderada por Carlos Carneiro. A sessão teve como objetivo explorar a integração de diversas abordagens médicas, ressaltando que a prática da Medicina não se pode basear numa única perspetiva.

Quais os desafios e soluções em Geriatria?

Mariana Alves teve a oportunidade de apresentar uma sessão dedicada aos princípios básicos das unidades de Ortogeriatria, dentro do tema mais amplo “Desafios e soluções em Geriatria: da urgência ao ambulatório”.

Atualizações em Doenças das Vias Aéreas

Na sessão dedicada à atualização em doenças das vias aéreas, Adelina Amorim proporcionou uma análise abrangente e detalhada sobre as bronquiectasias, destacando os últimos avanços na compreensão e tratamento desta condição pulmonar crónica.

Diabetes e Obesidade no 30.º CNMI

Na sessão dedicada à diabetes e obesidade, Elisa Tomé ofereceu uma visão abrangente e atualizada sobre o tratamento do diabético tipo 2 com obesidade, destacando a importância de abordagens integradas para lidar com ambas as condições.

Análise sobre acesso ao Serviço de Urgência em Portugal

No 30.º CNMI, Frederico Guanais, diretor adjunto da divisão de saúde da OCDE, trouxe a debate o acesso aos serviços de urgência em Portugal. Durante a sua apresentação, Frederico Guanais partilhou os principais resultados da publicação “Health at a Glance 2023” da OCDE, oferecendo uma visão comparativa do desempenho do sistema de saúde português.

Como gerir a doença crónica durante a gravidez?

Na sessão intitulada “Doença crónica grave e gravidez: como gerir” do 30.º CNMI, Inês Palma dos Reis abordou questões cruciais relacionadas com a saúde materna e fetal. Com um enfoque na prevenção e mitigação de riscos, a palestra procurou fornecer orientações essenciais para médicos de mulheres com doença crónica.

Quem são os 17 cabeças de lista às eleições europeias de 09 de junho?

No próximo dia 9 de junho, com exceção dos representantes do PTP e do MAS, todos os cabeças-de-lista às eleições europeias apresentam-se pela primeira vez.  Dos 17 cabeças-de-lista apresentados, apenas dois  têm formações e carreiras diretamente ligadas ao setor da saúde, é o caso de Marta Temido com formação e experiência diretamente ligada ao setor da saúde, foi Ministra da Saúde e é doutorada em Saúde Internacional pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, além de ter um mestrado em Gestão e Economia da Saúde pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Manuel Carreira, psicoterapeuta e psicólogo forense e trabalha como psicólogo no Centro Hospitalar de Leiria. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights