Numa nota enviada às redações, esta comissão apela à participação popular no desfile tradicional que tem início no Marquês de Pombal, em Lisboa, descendo a Avenida da Liberdade, marcado para as 15:00 da próxima segunda-feira, dia em que é assinalado o 48.º aniversário do 25 de Abril de 1974.
“Perante o aumento da pressão dos discursos e das campanhas defensoras de práticas discriminatórias e antidemocráticas, como a insensibilidade à pobreza e à discriminação das pessoas com deficiência, a xenofobia, o racismo e a desigualdade de género, impõe-se que os responsáveis políticos não hesitem no seu combate sem tibiezas, assumindo o cumprimento da Constituição da República Portuguesa, referência maior da Revolução dos Cravos, garantindo a sua matriz democrática, progressista e solidária, baseada na dignidade da pessoa humana e na prática de uma cidadania responsável”, apelam na nota.
Depois de dois anos marcados pela pandemia da Covid-19, os organizadores referem que embora exista um abrandamento da doença devem existir cuidados nestas celebrações, nomeadamente face à população mais vulnerável.
“No entanto, isto não pode servir de pretexto ou justificação para a adoção de medidas que ponham em causa a liberdade e os direitos fundamentais, conquistas que exigimos irreversíveis, graças ao 25 de Abril”, defendem.
A comissão promotora volta a apelar aos órgãos de comunicação social que às 18:00 do dia 25 de Abril (Hora da rendição de Marcelo Caetano em 1974) seja transmitida a “Grândola Vila Morena”, de José Afonso, seguida do Hino Nacional, “para que todos os que estejam impossibilitados de participar fisicamente nestas comemorações, o possam fazer nos locais onde se encontram, cantando às janelas e varandas estas duas músicas tão simbólicas”.
A comissão assinala o facto de o país já ter ultrapassado os dias em democracia face aos dias em ditadura, agora “em plena liberdade, relativamente ao período negro que durou a ditadura fascista do Estado Novo, cuja efeméride ocorreu no passado dia 24 de março de 2022”.
“Temos razões suficientes para enaltecer as grandes transformações que foram operadas neste passado recente, mas está na hora de olharmos e perseguirmos objetivos futuros ainda mais ambiciosos, porque há tarefas inadiáveis que, só em comunhão de esforços e empenho, poderão ser levadas a bom termo, por forma a permitirem a satisfação de condições de vida dignas para todos os portugueses”, lê-se.
Para as organizações que compõem esta comissão promotora, é “imperiosa a implementação de políticas que proporcionem: um efetivo aumento dos salários e dos rendimentos, estabilidade laboral sem precariedade, com trabalho digno”, o “reforço dos serviços públicos, com especial destaque para uma educação inclusiva e virada para os desafios da modernidade” ou o “fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde”.
A “criação e fruição da cultura”, a “sustentabilidade da Segurança Social”, o “aumento da agilização e eficiência da Justiça” ou “a redução da burocracia, com uma eficiente simplificação da generalidade dos processos administrativos”, são outras das prioridades destacadas.
“As enormes marcas negativas que a guerra colonial deixou na sociedade portuguesa provocaram no nosso povo um profundo sentimento de defesa da paz, objetivo assumido na Constituição da República, que garante a soberania e independência de uma Nação com quase 900 anos de existência, preconizando a criação de uma ordem internacional, capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos, em particular no reforço da identidade Europeia e nos laços privilegiados de amizade e cooperação com os países de língua portuguesa”, é acrescentado.
Em 2020 o desfile na Avenida da Liberdade não foi realizado devido à Covid-19, e em 2021 regressou mas ficou envolto em polémica, tendo pela primeira vez existido duas iniciativas distintas – uma delas organizada pela Iniciativa Liberal.
A discórdia instaurou-se depois de a comissão promotora do desfile que assinala a Revolução dos Cravos ter negado a participação da Iniciativa Liberal e do Volt Portugal no evento, decisão defendida pelo contexto pandémico, mas que gerou polémica, levando posteriormente à abertura da celebração a todos os interessados, desde que cumpridas as regras sanitárias.
A comissão promotora do desfile que celebra o 25 de Abril de 1974 é composta por todos os partidos da esquerda parlamentar e centrais sindicais, como a CGTP-IN e a UGT, num conjunto de mais de 40 entidades.
LUSA/HN
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