Universidade de Aveiro desenvolve emplastros para reparar coração

19 de Maio 2022

Cientistas das universidades de Aveiro e Helsínquia estão a desenvolver emplastros biopoliméricos, capazes de reparar os tecidos do coração, afetados pelo enfarte do miocárdio, anunciou hoje fonte académica.

Até agora, o tratamento para quem sofreu um enfarte de miocárdio consistia apenas em cuidados paliativos ou, em casos mais graves, o transplante de coração.

“Produzidos a partir de dois materiais proteicos, gelatina e nanofibrilas de lisozima, uma proteína presente, por exemplo, nos ovos das galinhas, os emplastros biopoliméricos foram desenvolvidos através da electrofiação, uma técnica que permite a produção de fibras”, explica uma nota de imprensa da Universidade de Aveiro (UA).

Através desse procedimento, a equipa de investigadores da UA “conseguiu obter fibras extremamente longas e finas, constituídas por gelatina e nanofibrilas de proteína que se depositam umas sobre as outras, formando um emplastro fibroso”.

A produção de emplastros fibrosos de gelatina não é novidade, mas as suas propriedades e funcionalidades estavam aquém do que é necessário para ajudarem na regeneração de tecidos de miocárdio de um coração que sofreu um enfarte.

“A adição destas nanofibrilas proteicas constitui uma estratégia inovadora que permitiu a melhoria de várias propriedades e funcionalidades do emplastro como o desempenho mecânico, a atividade antioxidante e a sua biorressorbabilidade”, esclarece Tiago Carvalho, aluno de doutoramento do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro, uma das unidades de investigação da UA.

Segundo aquele investigador, “a adição das nanofibrilas de lisozima resultou num aumento do desempenho mecânico dos emplastros, um fator importante tendo em conta o local onde irá ser implantado o emplastro, o coração”.

O estudo aponta outras vantagens aos emplastros recém-desenvolvidos como “um aumento considerável da atividade antioxidante e ainda a redução do tempo de degradação do emplastro para 30 dias”.

Quanto à atividade antioxidante, esse aumento é considerado “extremamente importante”, porquanto “um tecido danificado, como o miocárdio após um enfarte, contém compostos que danificam ainda mais este tecido através de reações de oxidação”

Já quanto ao tempo de degradação, Tiago Carvalho considera que “é importante que um material implantado se degrade progressivamente, de modo a que novas células possam crescer e multiplicar-se nesse local, dando origem a um novo tecido”.

Além de Tiago carvalho fazem parte da equipa portuguesa de investigação Carla Vilela e Carmen Freire, investigadoras do CICECO e do Departamento de Química da UA.

No âmbito do estudo foram realizados em Helsínquia alguns ensaios biológicos ‘in vitro’ com os emplastros biopoliméricos, sendo o próximo passo “complementar estes resultados com testes ‘in vivo’, utilizando modelos animais”, anuncia Tiago Carvalho.

LUSA/HN

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