Alberto Mota, professor de dermatologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigador no CINTESIS, explica que este aparente crescimento resulta de uma ilusão. “É mais provável que a impressão que os cabelos e unhas crescem após a morte se deva à natural contração cadavérica dos tecidos moles da cabeça e dos dedos, dando a ilusão, em proporção relativa, de que os cabelos e as unhas ficaram maiores”, esclarece o investigador.
E prossegue a explicação: “Se as unhas e os cabelos crescessem de forma significativa após a morte, também seria de esperar que a pele se renovasse e descamasse em paralelo, pois, no fundo, as células que renovam os cabelos e as unhas são similares às que renovam a pele em si.”
“É mais provável que a impressão que os cabelos e unhas crescem após a morte se deva à natural contração cadavérica dos tecidos moles da cabeça e dos dedos, dando a ilusão, em proporção relativa, de que os cabelos e as unhas ficaram maiores”, esclarece o investigador.
Tanto o cabelo como as unhas têm na sua composição queratinas, o que faz com que sejam mais robustos e duros do que as restantes células da pele. Essa composição pode justificar “uma maior resistência à decomposição cadavérica”. No entanto, a síntese destes dois elementos depende de células vivas, ou seja, é necessário que haja circulação sanguínea para levar nutrientes até às células e permitir que continuem vivas e em crescimento.
“Em teoria, essas células podem permanecer ativas durante algum tempo após a morte cerebral, se for garantido o aporte sanguíneo de nutrientes, através da manutenção transitória do batimento cardíaco ou até que o metabolismo destas células estagne por esgotamento desses mesmos nutrientes. No entanto, é altamente improvável que essa atividade transitória se traduza numa síntese de queratina suficientemente mensurável a olho nu”, acrescenta o especialista.
“Se as unhas e os cabelos crescessem de forma significativa após a morte, também seria de esperar que a pele se renovasse e descamasse em paralelo, pois, no fundo, as células que renovam os cabelos e as unhas são similares às que renovam a pele em si.”02
Ou seja, é falso que as unhas e os cabelos continuem a crescer após a morte. A impressão de que os cabelos e unhas crescem após a morte pode estar relacionada com a contração cadavérica dos tecidos moles, o que cria uma ilusão de que ficaram maiores. Em vida, o cabelo cresce, em média, um centímetro por mês, rondando aos 12 centímetros por ano. Já as unhas registam um crescimento médio que ronda entre dois e três milímetros por mês.
Texto publicado ao abrigo da parceria entre a plataforma de Fact Checking Viral-Check e o Heathnews.pt
0 Comments