Listas de espera na Madeira existem porque a aposta é resolver o ‘essencial’

15 de Junho 2022

O Serviço de Saúde da Madeira está a “emergir do caos” da pandemia e tem listas de espera para atos médicos porque tem apostado na resolução do “essencial e não do acessório”, defendeu hoje o secretário com a tutela.

“Há listas de espera porque privilegiamos o essencial e não o acessório”, declarou Pedro Ramos na Assembleia Legislativa da Madeira no decorrer do debate potestativo requerido pelo grupo parlamentar do JPP sobre ‘os 118 mil atos médicos em lista de espera’ no Serviço Regional de Saúde (Sesaram).

O secretário da Saúde e Proteção Civil madeirense enfatizou que o serviço regional “procura tratar de toda a gente, mas não trata todos ao mesmo tempo”, recordando que este “emergiu do caos da pandemia da covid-19”.

“Não há sistemas perfeitos”, sublinhou o responsável, destacando que o Governo Regional tem feito “um investimento constante” na área da saúde.

O responsável instou a oposição a também avaliar “os números da produção”, enunciando que, em 2020, foram realizados no Sesaram “mais de 6,6 milhões de atos assistenciais”, número que aumentou para 8,9 milhões em 2021.

Pedro Ramos vincou que, “por muito que custe a aceitar, as listas de espera são uma realidade em todos os hospitais de referência”.

“Estou aqui a convite de um partido que quer ser responsável por um sistema de saúde paralelo na Madeira”, argumentou, mencionando que o município de Santa Cruz (o único governado pelo JPP) “paga cirurgias para os amigos e para aqueles que nem estão nas listas de espera” e que por este facto “deviam ser processados”.

Pelo JPP, o partido proponente do debate, o deputado Paulo Alves disse que, desde 2015, altura em que o Governo da Madeira (PSD/CDS) começou a ser “comandado por Miguel Albuquerque, as listas de espera para atos médicos na região aumentaram 86%, passando de 63.635 par 118.635”.

“O Governo Regional não esteve empenhado nos últimos anos em encontrar solução para resolver o problema das listas de espera” e “as opções políticas em matéria de saúde falharam ao longo dos anos e comprovam a ineficácia do Governo Regional”, opinou.

“Temos um elevado número de listas de espera porque o problema está aliado ao da pobreza, as pessoas não têm capacidade financeira para recorrer ao privado”, vincou.

Pelo PS, o maior partido da oposição (ocupa 19 dos 47 lugares no parlamento madeirense), Sérgio Gonçalves considerou que o executivo madeirense está “mais preocupado com a transição digital e incorporação de tecnologia na saúde, mas tratar atempadamente os doentes devia ser prioridade” só que o governo anda “a trabalhar para a fotografia”.

O deputado único do PCP, Ricardo Lume, sustentou que o secretário regional “não tem argumentos para justificar o Serviço Regional de Saúde”, indicando que faltam igualmente soluções para os problemas das altas problemáticas, atrasos nas consultas e exames de diagnóstico.

“O Governo Regional está mais interessado em empurrar milhares de madeirenses para o negócio da doença”, declarou.

A deputada da maioria do PSD Rubina Leal, apontando os dados na página do Sesaram, salientou que “os números não enganam e o investimento na saúde da região existe”, adiantando que a Madeira “tem um sistema de saúde que funciona, as resposta são dadas e as políticas são adequadas”.

Também Ana Cristina Monteiro, do CDS-PP (partido que integra o Governo da Madeira), opinou que “a situação do serviço regional não é perfeita, mas também não é a pior”, tendo o governo madeirense afetado 5 ME no Orçamento Regional de 2021 para a resolução deste problema.

LUSA/HN

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