OMS pede melhor adaptação dos sistemas de saúde aos migrantes e refugiados

20 de Julho 2022

Milhões de refugiados e migrantes correm maior risco de ter pior saúde do que as comunidades de acolhimento, alerta um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), que apela aos sistemas de saúde para integrarem estes grupos.

Refugiados e migrantes compõem cerca de um oitavo da população mundial – cerca de mil milhões de pessoas – e “são muitas vezes os membros mais vulneráveis e esquecidos das suas sociedades”, salientou o diretor-geral da OMS, no lançamento hoje do primeiro relatório da organização sobre esta matéria.

O documento sobre as condições de saúde de refugiados e migrantes “mostra a necessidade urgente de abordar as causas dos problemas de saúde (nestes grupos) e de reorientar radicalmente os sistemas de saúde para responder a um mundo cada vez mais móvel”, acrescentou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O relatório sublinha que, embora os refugiados e os migrantes sejam mais vulneráveis, não são grupos inerentemente “menos saudáveis” do que os das populações que os acolhem: são as circunstâncias como os rendimentos mais baixos, os problemas de habitação, as barreiras culturais ou linguísticas que os colocam em maior risco.

Neste sentido, os trabalhadores migrantes tendem a utilizar os sistemas de saúde menos do que as populações locais, e estão em maior risco de sofrer acidentes de trabalho, de acordo com o estudo, segundo o qual uma boa parte deste grupo está empregada em condições pouco saudáveis, de risco e de maior exigência.

Os dados mostraram que uma parte significativa dos 169 milhões de trabalhadores migrantes em todo o mundo está envolvida em “trabalhos sujos, perigosos e exigentes” e correm maior risco de acidentes de trabalho, lesões e problemas de saúde relacionados ao trabalho do que seus colegas não migrantes.

O relatório inclui dados gerais sobre a saúde destes grupos e, neste sentido, indica que as estatísticas relativas aos refugiados e migrantes estão muito fragmentadas, para além de serem difíceis de comparar entre países e anos, razão pela qual a OMS também exige uma recolha mais sistemática de informação a nível nacional.

“A saúde não começa nem termina numa fronteira, pelo que o estatuto dos migrantes não deve ser um fator de discriminação, mas um motor político para a construção da saúde, proteção social e financeira”, apelou Santino Severoni, diretor do programa de saúde e migração da OMS.

LUSA/HN

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