Coordenada por Patrícia Pacheco, diretora do Serviço de Infeciologia, e Alexandra Martins, médica do Serviço de Gastrenterologia, e realizada por especialistas de ambos os serviços, esta consulta é parte fundamental de um projeto que visa a micro-eliminação da hepatite C nos utentes com dependências que são acompanhados na área de Agualva-Cacém, tendo surgido no contexto da iniciativa FAST-TRACK CITIES, uma via rápida para acabar com a epidemia VIH no concelho de Sintra.
“Trata-se de uma iniciativa conjunta, fruto de uma parceria entre três entidades [o HFF, a ET Agualva-Cacém e uma organização não governamental (ASHEAS)], que pretende responder a este desafio de forma global, com a formação de profissionais, a melhoria do diagnóstico através do rastreio, a descentralização de consultas médicas, o apoio individualizado e a toma da medicação, de forma a beneficiar os doentes e a atingir a meta da eliminação da hepatite C nesta população”, afirma Patrícia Pacheco.
De acordo com um levantamento efetuado pela ET Agualva-Cacém, em 2019 apenas 28,3% dos 534 utentes com serologia VHC+ tinham evidência documental de referenciação hospitalar, recorda a diretora do Serviço de Infeciologia.
Alexandra Martins alerta que “a hepatite C crónica é um importante problema de Saúde Pública”. “Estima-se que, globalmente, cerca de 115 milhões de pessoas (…) estiveram alguma vez infetadas pelo VHC, sendo, por isso, muito importante a descentralização das consultas especializadas hospitalares para locais onde esta população de alto risco se encontra em seguimento”, lê-se no comunicado.
E continua: “Em Portugal, tal como noutros países desenvolvidos, uma das áreas identificada como crítica no atingimento desta meta é o acesso de populações vulneráveis, como é o caso dos utilizadores de drogas, que apesar de terem elevado risco de infeção, persistem com acesso limitado aos cuidados de saúde especializados e ao tratamento. Desde 2017 que o plano nacional para as hepatites virais refere explicitamente a necessidade de criar estratégias individualizadas e adequadas a populações que vivem com hepatites virais crónicas e apresentam maior dificuldade em aceder aos Serviços de Saúde.”
Este novo modelo de consulta visa reduzir as barreiras aos cuidados de saúde e expandir o acesso ao tratamento e ao seguimento, através da interligação de cuidados.
O projeto teve início em 2019, mas a sua implementação foi adiada pela pandemia Covid-19.
A infeção pelo vírus da hepatite C é uma doença infeciosa crónica com elevada taxa de cura, dada a eficácia e segurança dos novos regimes antivirais de ação direta. O tratamento tem um benefício individual (redução do risco de desenvolvimento de cirrose, carcinoma hepatocelular e de outras complicações extra-hepáticas), bem como coletivo (pela evicção de transmissão de novas infeções). A meta da OMS é a erradicação da hepatite C enquanto problema de saúde mundial em 2030.
PR/HN/RA
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