Pelo menos 66 clínicas de 15 estados suspenderam abortos nos EUA

7 de Outubro 2022

Pelo menos 66 clínicas em 15 estados pararam de realizar abortos desde a polémica decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos em revogar uma lei que garantia a liberdade de realizar este procedimento, refere uma análise divulgada esta quinta-feira.

O número de clínicas que oferecem abortos nos 15 estados caiu de 79, antes daquela decisão do Supremo de 24 de junho, para 13 em 02 de outubro, realça o Instituto Guttmacher, um grupo de investigação que apoia o direito ao aborto.

Todas as 13 clínicas restantes estão no Estado da Geórgia.

Os outros estados não têm provedores que ofereçam abortos, embora algumas das suas clínicas ofereçam outros cuidados além do aborto.

A nível nacional, havia mais de 800 clínicas de aborto em 2020, aponta o instituto.

O novo relatório não inclui dados sobre hospitais e consultórios médicos que realizavam abortos e os suspenderam após a decisão do tribunal, mas Rachel Jones, investigadora do Guttmacher, explica que as clínicas fornecem a maioria dos abortos nos EUA, incluindo procedimentos e fornecimento de medicamentos para aborto.

Dados recentes do Guttmacher mostram que pouco mais da metade dos abortos nos EUA são realizados com medicação.

Estados sem provedores de aborto estão concentrados no sul.

Jeanne Corwin, que permite a realização de abortos em Indiana e Ohio, destaca que o encerramento de clínicas prejudica “a saúde física, mental e financeira das mulheres”.

Em vários estados, o acesso está ameaçado porque as proibições foram suspensas apenas temporariamente por decisões judiciais, como no Indiana, Ohio e Carolina do Sul, segundo a análise.

“É precário do ponto de vista médico e certamente do ponto de vista comercial”, destaca Katie McHugh, ginecologista que realiza abortos em Indiana.

“É difícil manter as portas abertas e as luzes acesas quando não sabemos se seremos uns criminosos amanhã”, acrescentou.

A anulação pelo Supremo Tribunal da decisão sobre o processo judicial Roe v. Wade, de 1973, que garantiu a liberdade de fazer um aborto, não torna ilegais as interrupções da gravidez, mas devolve ao país a situação vigente antes do emblemático julgamento, quando cada estado era livre para autorizar ou para proibir o procedimento.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

MAIS LIDAS

Share This