Nos últimos anos, têm-se registado casos de resistência emergente de parasitas à artemisinina – o composto principal dos melhores medicamentos disponíveis para tratar a malária – em África, segundo um comunicado da OMS.
Há também sinais preocupantes de que os parasitas em algumas áreas podem ser resistentes a medicamentos, que são normalmente combinados com a artemisinina, pelo que a OMS considera necessárias “medidas vigorosas para proteger a sua eficácia”.
A estratégia da OMS é lançada quando decorre a Semana Mundial de Sensibilização Antimicrobiana, uma campanha anual global para melhorar a sensibilização para a crescente ameaça da resistência aos antibióticos e outros medicamentos.
“Embora a resistência aos medicamentos antimaláricos seja um sério motivo de preocupação, as terapias combinadas à base de artemisina (ACT) continuam a ser o melhor tratamento disponível para o tratamento da malária falciparum sem complicações sem complicações”, observou Pascal Ringwald, responsável da nova estratégia e coordenador do Programa Global da OMS contra o Paludismo.
“Os prestadores de cuidados de saúde devem continuar a prescrever e a utilizar ACT para tratar o paludismo [outra designação de malária] confirmado”, adiantou.
A OMS recomenda atualmente seis terapias combinadas diferentes à base de artemisinina, como tratamento de primeira e segunda linha para o paludismo falciparum sem complicações.
A uma escala global, a resistência parasitária à artemisinina foi identificada na sub-região do Grande Mekong e em várias áreas de África – nomeadamente Uganda, Ruanda e Eritreia.
Enquanto a resistência à artemisinina, por si só, raramente leva ao fracasso do tratamento, a resistência à artemisinina e ao medicamento parceiro, dentro dos regimes de medicamentos ACT, pode levar a altas taxas de fracasso do tratamento, como aconteceu nos últimos anos em zonas da sub-região do Grande Mekong.
Até à data, a resistência aos fármacos parceiros da ACT não foi confirmada em África e o tratamento permanece altamente eficaz.
No entanto, há alguns sinais preocupantes: Faltam dados para vários países e as conclusões contraditórias sobre a eficácia da ACT precisam de ser mais bem avaliadas.
Tendo em conta a forte dependência de ACT em África, o fracasso total do tratamento poderia ter consequências muito graves.
“Não temos assim tantas opções para medicamentos contra a malária”, observou Dorothy Achu, a nova chefe de equipa da OMS para as Doenças Tropicais e Vetoriais para a Região Africana da OMS.
Em 2016, os investigadores do Imperial College London avaliaram o impacto potencial da resistência generalizada, tanto à artemisinina como a um medicamento parceiro em África, tendo concluído que resultaria em mais 16 milhões de casos de paludismo por ano e cerca de 360.000 casos mais graves que exigiriam hospitalização, levando a 80.000 mortes adicionais por ano.
Neste mesmo cenário, o impacto económico anual em todo o continente africano foi estimado em mil milhões de dólares (cerca de 967 milhões de euros).
LUSA/HN
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