Bombeiros de Évora falam em dívida de um milhão de euros da ARS e hospital, unidade hospitalar nega

23 de Dezembro 2022

O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Évora estimou em “um milhão de euros” a dívida global da ARS do Alentejo e do hospital da capital de distrito pelo transporte de doentes não urgentes.

“A situação está insustentável e é caótica”, afirmou à agência Lusa Paulo Alves, presidente da federação distrital de bombeiros.

O montante total diz respeito aos últimos meses deste ano: “A Administração Regional de Saúde (ARS) está com um atraso de cinco meses e do hospital de Évora temos faturas por pagar de julho a outubro”.

“No caso da ARS, é a primeira vez que há estes atrasos”, enquanto, no que toca ao Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), “os atrasos têm acontecido algumas vezes”, assumiu Paulo Alves, referindo que, no caso da unidade hospitalar, “há a promessa da parte da administração de, durante a próxima semana, o assunto poder vir a ser resolvido”.

Contactado pela Lusa para reagir às acusações da Federação de Bombeiros do Distrito de Évora, o HESE negou ter qualquer valor em dívida.

O HESE não tem “absolutamente nenhum valor em atraso até ao momento”, visto que apenas rececionou “no dia 09” deste mês “as faturas dos transportes efetuados pelos bombeiros referentes a julho, agosto, setembro e outubro”.

“De acordo com a lei vigente o HESE tem 60 dias para efetuar o pagamento”, frisou.

Apesar desta regra, o hospital, “face à situação delicada dos bombeiros, está a fazer todos os esforços para efetuar o pagamento até dia 31 de dezembro”, assegurou.

Também contactada pela Lusa, a ARS do Alentejo remeteu eventuais esclarecimentos para a tutela, o Ministério da Saúde.

O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Évora disse que, perante as dificuldades, as associações humanitárias e as corporações de bombeiros do distrito “ainda” não aludiram a despedimentos, mas os problemas já se notam.

“Temos associações no distrito que ainda não pagaram o subsídio de Natal e outras que, muito provavelmente, este mês de dezembro já não têm dinheiro para pagar vencimentos”, exemplificou.

Se a situação se mantiver no mesmo ‘diapasão’ no próximo ano, os bombeiros terão de “parar o transporte de doentes não urgentes”, o que “irá criar uma grande dificuldade para as pessoas se dirigirem aos hospitais”, em especial num distrito como o de Évora, que “está longe de tudo e de todos, cada vez mais envelhecido e com cada vez mais doentes”, admitiu Paulo Alves.

O Jornal de Notícias (JN), na edição de quinta-feira, titula que “Saúde deve 25 milhões de euros aos bombeiros”, referindo que “há corporações perto da rutura e a ponderar despedir trabalhadores no início do próximo ano”.

Segundo o jornal, que cita a Liga dos Bombeiros Portugueses, “o caso é particularmente grave no distrito de Castelo Branco, mas também em Évora”.

LUSA/HN

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