Num apelo divulgado hoje, no âmbito do primeiro Dia Internacional do Ar Limpo para um céu azul, instituído pelas Nações Unidas, e que se celebra na segunda-feira, 07 de setembro, a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável sublinha que “a poluição do ar é o maior risco ambiental para a saúde humana e uma das principais causas evitáveis de morte e doenças em todo o mundo”.
No conjunto de medidas, propostas em conjunto com a Aliança Europeia de Saúde e Ambiente (HEAL), a Zero apela, em particular, à Câmara de Lisboa para que atue no sentido de, pelo menos, preservar a redução atual de 25% na poluição do ar.
Citando uma análise dos níveis de concentração de dióxido de azoto (NO2) nas estações de monitorização de tráfego da Avenida da Liberdade, Entrecampos, Santa Cruz de Benfica e Olivais (a que regista maiores concentrações), a associação refere que, no período de maiores restrições impostas pela pandemia da covid-19 (entre 13 de março e 03 de maio), houve uma redução da concentração de dióxido de azoto próxima dos 60% (59% em Entrecampos e 57% na Avenida da Liberdade).
Segundo a Zero, em julho e agosto essas reduções foram da ordem dos 25% nas estações de tráfego, com uma redução de 33% na Avenida da Liberdade e de 27% em Entrecampos, valores “mais próximos de assegurar a salvaguarda da saúde pública de quem habita e trabalha no centro de Lisboa”.
Apelando à “capacidade de se implementar de forma progressiva um conjunto de medidas que consigam no futuro garantir o cumprimento da legislação e melhorem a qualidade de vida numa das áreas mais nobres da cidade”, a associação considera que, a par da “construção de ciclovias que tem vindo a ter lugar, é absolutamente crucial que a Câmara Municipal de Lisboa aumente o nível de ambição das Zonas de Emissões Reduzidas”.
Assim, refere a necessidade de criação da Zona de Emissões Reduzidas (Avenida-Baixa-Chiado), “que implica uma forte redução de tráfego e emissões”.
“Em toda a Europa as pessoas perceberam quão importante é preservarmos a saúde e Lisboa como Capital Verde Europeia não pode desperdiçar esta oportunidade de fazer uma recuperação ambientalmente exemplar”, sublinha.
O documento aponta “quatro exigências para que amanhã todas as cidades [portuguesas] sejam mais saudáveis”, como a criação de áreas pedonais nos centros urbanos, livres de carros, o incentivo ao andar a pé e ao uso de bicicletas, com a “expansão de ciclovias seguras dentro e em redor do centro da cidade”.
Outra medida pugna pela criação de “alternativas ou melhorias do transporte público confiáveis, acessíveis, económicas para todos e sem uso de combustíveis fósseis” e “penalização do uso do carro nos acessos ao interior das cidades que estejam bem servidas por transporte público”.
Por outro lado, a Zero defende a “expansão de áreas verdes e construção de corredores ecológicos nas cidades incluindo parques, jardins comunitários ou plantação de fachadas”, bem como a melhoria significativa das “ofertas de desporto, jogos e recreação para todas as idades, com locais gratuitos para exercícios ao ar livre”.
“As cidades devem pertencer às pessoas, não aos carros – as cidades precisam de ser construídas e repensadas para o usufruto de uma melhor qualidade de vida pelos seus habitantes e por quem as frequenta. Reduzir o uso do carro é bom para a saúde, a produtividade, a habitabilidade urbana e a economia”, salienta.
O Dia Internacional do Ar Limpo para um céu azul, a comemorar anualmente em 07 de setembro, foi instituído numa resolução aprovada a 19 de dezembro de 2019 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.
LUSA/HN
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