“Tenho muita expectativa que será possível aproximar as posições o suficiente para que nós possamos prosseguir com o apoio e a participação ativa dos profissionais”, defendeu Manuel Pizarro, na Academia Socialista, que termina no domingo, em Évora.
Num painel intitulado “SNS: que futuro?”, no qual também participou a antiga ministra da Saúde Ana Jorge, Pizarro detalhou que está em causa uma proposta que “por um lado, nos cuidados de saúde primários, tem a generalização das Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B como elemento essencial, e nos hospitais a generalização do trabalho em dedicação plena”, com um “aumento significativo” de remuneração associado.
Depois de explicar algumas das medidas que o executivo tem tomado na área da saúde, Pizarro reservou a parte final da sua intervenção para lançar algumas críticas à direita, sobretudo ao PSD.
“Eu estive a ler atentamente as propostas do PSD para resolver os problemas do SNS e percebi mais ou menos que a solução do doutor Luís Montenegro para as pessoas que não têm equipa de saúde familiar era uma espécie de ChatGPT [modelo de inteligência artificial generativa]: em vez de médico, telefona”, atirou.
Pizarro fazia referência a uma das propostas apresentadas em julho pelo PSD, consideradas pelos sociais-democratas como estruturais para fazer “uma transformação profunda do SNS num verdadeiro Sistema Nacional de Saúde” e que incluía um “médico de família digital” para três milhões de portugueses, entre outras.
O ministro da Saúde respondeu também às críticas de que o PS tem “preconceito ideológico” no que toca ao setor.
“Eu devo dizer que eu tenho mesmo um preconceito ideológico sobre o SNS, eles têm razão. É o preconceito de quem quer assegurar que todos os portugueses, qualquer que seja a sua condição económica e qualquer que seja o sítio onde vivem, têm acesso a cuidados de saúde sofisticados”, considerou.
Pizarro realçou que “por mais que os dirigentes políticos da direita se queiram apagar dessa fotografia, convém lembrar que quando a lei do SNS foi aprovada na Assembleia da República, o PSD e o CDS votaram contra”.
“E se quando eles se referem a preconceito ideológico nos querem acusar de nós prescindirmos da colaboração de outros setores, do setor privado ou do setor social, de forma complementar quando isso é adequado, para desenvolver o SNS também não compreendo do que estão a falar”, continuou.
Na opinião de Pizarro, “é caso para perguntar” aos dirigentes da oposição, sobretudo o PSD, quantos hospitais “em regime de parceria público privada lançaram concurso”, porque “todos os que já houve, quem lançou os concursos e assinou os contratos foram governos do PS”.
“Em matéria de assegurar que na saúde exista desenvolvimento do SNS e cooperação quando isso se mostrar adequado, de forma complementar com o setor privado ou o setor solidário, o PSD fala, fala, fala mas nunca fez nada”, acusou.
Na sua intervenção, a antiga ministra da Saúde Ana Jorge considerou importante que os jovens tenham consciência de que existe a possibilidade de trabalhar em rede e com o setor social e privado, mas, frisou, “não é indiferente quem presta cuidados de saúde”.
“É preciso não nos deixarmos iludir”, avisou.
Na sexta-feira, Manuel Pizarro mostrou-se surpreendido por não ter sido possível chegar a acordo com as organizações sindicais dos médicos, afirmando esperar que haja “uma oportunidade para o diálogo” e de “aproximação de posições”.
Estas negociações iniciaram-se em 2022, mas não tem havido consenso.
Uma nova reunião negocial extraordinária foi marcada para terça-feira.
LUSA/HN
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