Lançado na Conferência “As Farmácias na Jornada da Saúde das pessoas”, sessão promovida pela Associação Nacional das Farmácias (ANF), que está a decorrer na Assembleia da República, o livro branco reflete “a relação da farmácia e dos seus profissionais de saúde com as pessoas e materializa a sua intervenção na sociedade”.
Na apresentação do documento, com 154 páginas, a presidente da ANF, Ema Paulino, afirmou que “este Livro Branco não partiu de uma folha em branco”.
Ema Paulino sublinhou que o desenvolvimento farmacêutico ao longo de décadas, onde as farmácias se foram adaptando às necessidades da população e da sociedade, numa missão de “otimizar a efetividade das terapêuticas e contribuir para melhor qualidade de vida das populações”.
A presidente da ANF destacou as propostas presentes no documento em que as farmácias podem apoiar o sistema de Saúde, como a prevenção e rastreio de hepatites virais, VIH e outras infeções, a integração nos rastreios nacionais, a referenciação para outros níveis de cuidados e uma intervenção ativa na saúde mental e prescrição social, sinalizando e encaminhando pessoas para as instituições adequadas, se necessário.
Realçou ainda o conceito de “farmacêutico de família”, uma medida que considera ter “um enorme potencial”, numa perspetiva de haver esta figura com quem o médico de família e o enfermeiro de família podem interagir e dessa forma potenciar, enquanto equipa multidisciplinar de saúde, os cuidados que são prestados à população.
Presente na conferência, o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, afirmou que o Livro Branco está “muito bem estruturado e abre um conjunto de dimensões que podem e devem ser exploradas”.
“Importa agora que este livro branco não fique numa prateleira qualquer de uma biblioteca ou numa ‘cloud’ [nuvem] algures no sistema”, comentou, considerando que o documento contém “propostas inovadoras e medidas que são motivo de reflexão há alguns anos, mas por várias razões, nunca foram implementadas”.
Para Fernando Araújo, este “é o tempo de fazer acontecer”: “Temos uma janela de oportunidade. Eu diria que politicamente a situação é mais complexa, mas não é isso que nos deve demover de tecnicamente atingirmos resultados, defendendo os cuidados de saúde aos portugueses”.
Para isso, defendeu, “é necessário algo, como o que foi feito na construção deste Livro Branco, que é uma parceria e um envolvimento de todos os agentes do sistema de saúde”, para permitir acesso e equidade aos cuidados de saúde, “olhando sempre numa perspetiva de futuro”.
Fernando Araújo realçou o papel das mais de 3.000 farmácias e postos farmacêuticos em todo o país, com mais de 10 mil farmacêuticos “altamente qualificados, em quem os portugueses confiam e por isso é tempo de os integrar uma política ativa de saúde pública”.
Segundo a ANF, o Livro Branco das Farmácias Portuguesas é “uma ferramenta orientadora do desenvolvimento das farmácias na próxima década, que tem como objetivo ser uma peça essencial para projetar o futuro do setor e da sua ação no contexto da Saúde”.
O livro materializa a ambição das farmácias em continuar a transformar os cuidados de saúde e propõe áreas prioritárias de atuação numa jornada tridimensional para a farmácia: “Transformação da jornada da saúde das pessoas”, “Capacitação profissional e tecnológica catalisadora da mudança” e “Conhecimento e regulação ao serviço da sociedade”.
LUSA/HN
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