HealthNews (HN)- Durante a licenciatura em Enfermagem, alguma vez pensou na possibilidade de liderar uma instituição como a ESEL?
Patrícia Pereira (PP)– Não, não tinha essa perspetiva. Durante a licenciatura, gostei muito da área da saúde mental. Quando acabei o curso, desenvolvi a atividade primeiro em urgência e cuidados intensivos e posteriormente é que me dediquei à área da saúde mental e me especializei. Estive dez anos na prática clínica. Quando fui convidada para a área da docência, também foi um desafio que eu não tinha pensado, mas aceitei. Na docência estive durante 18 anos. Departamento de Saúde Mental, na lecionação e investigação. Quando me foi feito o convite para a vice-presidência, foi também foi uma surpresa para mim, porque nunca tinha tido a ideia de poder exercer funções na área da gestão. Com a experiência de vice-presidente, percebi que seria uma área onde eu poderia ter alguns contributos a dar para a ESEL e para a enfermagem.
HN- Ser especialista em enfermagem de saúde mental e psiquiátrica pode facilitar a comunicação e aproximação à comunidade académica? É um dos seus trunfos?
PP- Não poderia dizer que não. Senão não acreditava naquilo que faço. Penso que a saúde mental formata todas as coisas que fazemos no nosso quotidiano. Por ser tão invisível, muitas vezes tem pouca importância ou, pelo menos, não se percebe como é vital. O estigma associado à área também não tem ajudado. Começou-se a falar disso na altura da pandemia com uma maior visibilidade. Esse foi um aspeto positivo. Estamos todos a falar mais de saúde mental. Acho que a visão que se tem das relações humanas e das interações é absolutamente fundamental para a gestão de uma instituição.
HN- A liderança SER está comprometida com a Superação, o Envolvimento e a Responsabilidade. O que é que isso significa?
PP- Foi o mote da minha candidatura – SER ESEL –, que decorreu, essencialmente, do lema que já tínhamos previsto para o site, porque também era uma das minhas áreas na vice-presidência, a comunicação e a imagem da ESEL. Fizemos algumas alterações durante o mandato anterior e já na altura preocupou-nos a questão das ligações entre as pessoas. E percebemos que hoje o ensino tem uma vertente mais utilitária e menos vivida. Na minha opinião há muitas diferenças relativamente ao passado que não são necessariamente más, mas ainda que tenhamos de acompanhar a natural evolução das coisas, quer das ferramentas, quer das formas de ensino-aprendizagem, a possibilidade de nos relacionarmos e de estarmos ligados às coisas mantém-se absolutamente atual. Portanto, gostaria que na ESEL houvesse um sentido utilitário, porque, de facto, o curso oferece um conjunto de ferramentas às pessoas, e porque estamos na área da saúde, e porque estamos em enfermagem, as vivências interpessoais são absolutamente constitutivas daquilo que irá ser o futuro enfermeiro. Foi uma preocupação começarmos a abordar essa questão por meio do lema SER ESEL.
Pensei nesse lema também como um mote de continuidade e de consolidação daquilo que já tinha sido começado. A superação tem a ver sobretudo com as soluções inovadoras que têm de ser encontradas todos os dias. Tivemos essa experiência na pandemia, mas esse desafio ocorre todos os dias. Todos os dias há coisas para as quais temos que nos preparar, dar um bocadinho mais do que aquilo que estava pensado. É nesse sentido que é preciso o envolvimento e é preciso a responsabilidade. E envolvermo-nos é crescermos como coletivo, porque isso também vai beneficiar o nosso crescimento individual e pessoal. Precisamos de nos responsabilizar pelo espaço, pelos outros e pela comunidade. O lema SER ESEL tem por base estas premissas.
HN- Os próximos quatro anos assentam em seis pilares do desenvolvimento. São eles o desenvolvimento humano, formativo, de investigação, relações externas e internacionais, ambiental e financeiro. Podemos desenvolver um pouco estas ideias? Quais são os seus principais objetivos?
PP- Este é um projeto para quatro anos. Naturalmente, não conseguimos fazer tudo num ano, mas estamos organizados com um plano de atividades por ano. Este plano de ação, no fundo, é o terreno onde vão crescer todas as atividades dos próximos anos, e posso dizer que a ordem não foi aleatória.
A primeira é o desenvolvimento humano. É o primeiro pilar deste plano de ação precisamente pela atenção que temos de dar às pessoas e pela importância das pessoas na instituição – não só as que são mais visíveis, como docentes e estudantes, mas também aquelas que estão nos serviços administrativos, como sejam os serviços académicos, aprovisionamento, financeiro, recursos humanos, entre outros, que são igualmente importantes na nossa instituição.
Teremos ações promotoras do desenvolvimento das pessoas e do grupo e ações promotoras da qualidade de vida profissional. Obviamente que estas atividades são de natureza voluntária. Teremos programas dedicados ao desenvolvimento pessoal e profissional, nomeadamente no âmbito da inteligência emocional, que tentará promover as boas relações entre as pessoas, mas, também, e como ponto de partida, a boa relação consigo mesmo. Teremos ações promotoras da qualidade da vida profissional, nomeadamente as questões da conciliação da vida familiar e profissional, estando atentos às necessidades e sendo flexíveis no que diz respeito às modalidades de horário. Com a ferramenta do teletrabalho, sempre que as condições o permitirem e dentro de alguns moldes, isso pode ser equacionado. Tentaremos manter aquilo que são as necessidades das pessoas, sem descurar aquilo que é exigência dos locais de trabalho. Essa possibilidade de negociar está presente e é uma preocupação nossa.
Como instituição pública, não temos muitas ferramentas que nos permitam premiar e recompensar, então temos de tentar também aqui superar-nos. Temos a possibilidade de as pessoas tirarem alguns dias por ano para poderem, por exemplo, tratar de assuntos pessoais. Temos este desígnio de estar atentos às pessoas na organização e das boas relações, o que não significa que as pessoas tenham de ser amigas umas das outras. O que está em causa é a cordialidade e o respeito por cada um, e isso é essencial, o respeito pelo espaço do outro e o respeito pelo trabalho do outro. Isto é válido e é transversal a todos os grupos representados na escola, sejam assistentes, técnicos, docentes, dirigentes ou estudantes.
A nossa instituição está dedicada à formação, portanto isso é uma prioridade, mas, na mesma linha, gostaríamos de criar aqui uma cultura organizacional que também fosse promotora do bem-estar, do diálogo, do respeito e da solidariedade, até porque isto é levado depois para os contextos de trabalho. Os estudantes, depois de formados, tendem a replicar os modelos que viram na sua aprendizagem, portanto esta cultura de bem-estar também é uma preocupação no âmbito formativo. Depois, fomentar um ambiente participativo tem em conta as questões de estarmos ligados ao espaço e às pessoas, integrando não só os estudantes e as pessoas que aqui trabalham, como também os alumni (estudantes que já estiveram connosco) e os investigadores. Temos, ainda, previstas, no plano para os próximos quatro anos, ações promotoras da relação na comunidade académica, como sejam iniciativas de estimulação, para a discussão em pares e interpares daquilo que são os modos facilitadores e eficazes no processo de aprendizagem. O ensino-aprendizagem mudou muito ao longo dos anos e hoje temos outras ferramentas que têm de ser um complemento àquilo que de bom temos, mas não podem ser substitutas da relação presencial. Eu privilegio a presença e acho que temos de a cultivar. Hoje temos uma mancha de sala de aula repleta de computadores, tablets e telemóveis. Até o próprio tempo de interação, olhos nos olhos, é mais fugaz, está diminuído. Não termos atenção a estas coisas é estarmos a desperdiçar o que a interação tem de bom. Vale a pena pensarmos em alternativas envolvendo os estudantes.
No que diz respeito a outras ações e objetivos do plano, temos, por exemplo, a promoção de oficinas de discussão pedagógica e partilha de estratégias entre docentes, porque temos várias áreas, vários recursos, felizmente, na ESEL. Temos pessoas muito qualificadas. Esta sinergia, esta possibilidade de partilhar experiências com os colegas correu muito bem no passado e queremos retomar. Penso que é muito rico para o ensino-aprendizagem. Da minha experiência, o que é que falta, se temos o saber e experiência? Falta o tempo. A comunidade docente está envelhecida e assoberbada; os ambientes de trabalho estão mais complexos e exigentes em termos de atividades e tarefas e o debate, o pensar em conjunto, acaba sempre por ficar em segundo plano. Mas são demasiado importantes e, portanto, têm que ser uma prioridade. Se assim não for, estagnamos e acabamos por andar a fazer o mesmo todos os anos, não crescemos e não acompanhamos a natural evolução e necessidades dos contextos. Precisamos de contribuir para o desenvolvimento das pessoas e das disciplinas, através da partilha de estratégias, debate de ideias; perceber o que resulta melhor e o que tem de ser abandonado como prática, que há muito entrou no sistema como dado adquirido, e passou a ser rotina. Precisamos, sempre, de questionar e voltar a fazer para, então, fazer melhor.
Outro aspeto importante é a necessidade de fortalecer a comunicação e cooperação com a comunidade estudantil através, por exemplo, da associação de estudantes. A associação de estudantes já teve muito mais presença, muito mais envolvimento do que tem atualmente. Penso que é altura de retomar esta contribuição e que os estudantes possam envolver-se efetivamente em todos os órgãos da escola onde têm assento. Às vezes temos tido muita dificuldade em envolver os estudantes, mesmo em matérias que lhes dizem diretamente respeito. Há muita dificuldade em que estejam presentes nas reuniões e na participação da tomada de decisão. A sua visão e o seu contributo devem constar, pois têm assento legítimo nos órgãos, como o Conselho Geral e Conselho Pedagógico. No fundo, é um direito de que, infelizmente, muitas vezes prescindem, mas também é um dever, pois estão a representar os colegas. Ainda no âmbito formativo, temos ações promotoras da qualidade do ensino, nomeadamente através da continuidade da contratação de docentes qualificados. Apostaremos nos planos de integração para que os novos docentes e assistentes se possam apropriar do plano de estudos da ESEL e da sua filosofia de base. O plano de estudos da ESEL obedece a linhas e orientações gerais e legais e que incorporam as orientações da Ordem dos Enfermeiros; no entanto, temos uma visão que é própria na forma de conceber a disciplina e profissão de enfermagem, uma filosofia de base que atravessa e dá corpo ao plano de estudos. Logo, a entrada de novos docentes não pode ser só “instrumental”. Tem de ser acompanhada e garantida a lógica, a coerência e o modo como a ESEL concebe a formação e prepara os futuros profissionais.
Quanto à investigação, é um pilar fundamental, porque é a partir daí que as disciplinas se desenvolvem. A enfermagem, apesar de ser uma profissão muito antiga, é uma disciplina muito nova. Ela foi reconhecida como disciplina científica e importa alimentá-la e fazê-la crescer. Toda a nossa atuação, a prática de cuidados, a prática em saúde tem de ser fundamentada por meio daquilo que se provou cientificamente ter resultados bons para as pessoas. E, nesse sentido, a investigação é fundamental. E, para isso, temos em desenvolvimento um centro de investigação, que é o CIDNUR. Em termos orçamentais é uma aposta financeira. Estamos a trabalhar intensamente e vamos continuar a apoiar o desenvolvimento da unidade, para que se constitua como uma unidade de excelência, acreditada pela FCT, e possa ser o centro de base do nosso doutoramento em Enfermagem, que, desde 2004, temos em parceria com a Universidade de Lisboa. Desde a sua criação, em 2021, o seu crescimento tem sido exponencial. No ano passado, começámos a ter não só mais projetos financiados, como mais projetos e parcerias internacionais e um maior número de artigos científicos em revistas de referência no meio científico. Acreditamos que este é o caminho e vamos continuar a apostar.
O outro pilar do plano, o desenvolvimento das relações externas e a internacionalização, é estar a par no presente rumo ao futuro. Sozinhos e fechados no nosso país continuamos do mesmo tamanho. Aprendemos imenso com os outros, temos muito a ganhar com essa experiência e temos muito a dar também. Temos coisas muitíssimo boas em Portugal e coisas muitíssimo boas na ESEL, que quando são partilhadas em grupos externos são elogiadas e muitas delas são replicadas, porque são boas práticas. No fundo, a internacionalização permite-nos, também, construir em conjunto, não só para ter uma visão local, mas uma visão mundial. Uma preocupação que temos e temos feito trabalho nesse âmbito é, também, procurar apoiar os países com necessidade de maior desenvolvimento. Temos projetos com financiamento em que, por exemplo, ajudamos uma universidade a montar o seu plano de estudos na área da enfermagem. Cabo Verde é um desses exemplos. Também recebemos muitos estudantes de países em desenvolvimento.
Ainda neste âmbito da internacionalização e relações externas, temos ações promotoras da relação com instituições parceiras, nomeadamente a ideia de redefinir a colaboração com instituições de saúde parceiras. Como sabe, temos um grande número de estudantes que fazem ensinos clínicos e estágios em instituições de saúde. Importa fazer este caminho também em conjunto, diminuir este fosso que muitas vezes existe entre a teoria e a prática. Os enfermeiros têm que vir ensinar aqui na escola, mas também a escola tem que estar nos serviços e ajudar, colaborando em projetos com a comunidade. E isso é feito através dos estágios e dos ensinos clínicos. Tentamos sempre alocar docentes a determinados campos de estágio e tentamos que esta colaboração seja contínua no tempo. A ideia é que as pessoas se mantenham para dar continuidade e, também, termos pessoas de referência nas instituições de saúde. É muito importante que a prática possa vir para dentro da escola e da sala de aula. Temos atividades previstas como planeamento de modelos operacionais alternativos às orientações de ensino clínico, que também têm de acompanhar a evolução dos tempos; temos ações promotores da mobilidade internacional; temos um Gabinete de Relações Internacionais, que é absolutamente necessário. Estamos também, no âmbito das relações externas e da mobilidade, a proporcionar a lecionação de alguns cursos em língua inglesa. A ideia é incrementar o intercâmbio e poder dar oportunidade a pessoas de outros países de virem aprender connosco.
Outro pilar deste plano é o desenvolvimento ambiental, absolutamente urgente e necessário. Todos temos de ter consciência que as grandes alterações que estão a acontecer são da responsabilidade de todos nós, e cabe-nos a todos, cada um na sua área, dar o seu contributo. O desenvolvimento ambiental tem de ter em conta as soluções mais sustentáveis, e nós temos essa preocupação. Candidatámo-nos a um PRR para requalificação da nossa residência de estudantes que tem em conta os aspetos ambientais, quer nos materiais que vão ser usados, quer no tratamento dos resíduos e lixo. Temos também políticas de redução de consumo de hídricos e energéticos. Monitorizamos não só os gastos como as poupanças e temos a intenção de promover ações de sensibilização e divulgação não só para o consumo adequado, mas também para os resultados positivos que a comunidade tem tido. Tem sido por vezes um grande desafio, porque queremos desmaterializar, mas as leis que suportam estes temas ainda não estão atualizadas. Dentro do que é possível, tendemos sempre para a desmaterialização.
Temos outras preocupações que se prendem com os edifícios. São edifícios que já têm alguns anos. Temos a preocupação de preservar a história e traça do edifício, a par das intervenções de melhoria. Nós temos dois polos, o polo no campus universitário e o do Parque das Nações, e quer um quer outro são edifícios com bastante manutenção. Temos um projeto de alargamento do Pólo Calouste Gulbenkian, porque a ideia é centralizar todas as atividades num só edifício. Este projeto está aprovado, falta-nos o financiamento.
O desenvolvimento financeiro é uma grande preocupação. A gestão financeira de uma instituição pública é um grande desafio. Confrontamo-nos muitas vezes com necessidades que têm de ser priorizadas. Isso em qualquer lado, obviamente, mas muitas vezes temos que priorizar o que já é prioritário. Temos um orçamento que cobre algumas despesas decorrentes da atividade desta instituição, mas temos muitas que estão a cargo das nossas receitas próprias. Ou seja, a própria instituição tem de gerar receita para cobrir determinadas despesas. Isso é uma preocupação, mas fazemos este caminho seguros de que é possível. Temos, também, ações promotoras da contenção de despesas. Por exemplo, a unificação da atividade num só edifício era uma forma de conter despesas, pois permitia não ter de duplicar recursos, como acontece agora. E temos de gerir com rigor. Portanto, não haver derrapagens orçamentais, manter a despesa controlada e cumprir os prazos estabelecidos – isso é absolutamente fundamental. Também temos algumas ações promotoras de receita. O nosso melhor produto é a formação. Contamos com o aumento do número de formações. Depois, o consumo racional e a prevenção do abuso. É uma preocupação manter o rigor, transparência e a despesa contida, pois trata-se de dinheiro público. Temos o dever social de gerir muito bem e ter mecanismos de controlo, de monitorização, para que a gestão seja absolutamente honesta, rigorosa e transparente.
HN- Como é que podemos tornar ainda melhor a formação dos jovens enfermeiros?
PP- Eu acho que estamos num muito bom caminho. Formamos profissionais de excelência, reconhecidos internacionalmente. Penso que formar melhor é mantermo-nos atualizados e ligados às instituições de saúde. Se quiser, posso-lhe dizer que ainda podemos formar melhor se estivermos atentos às questões das relações humanas e interação entre as pessoas. Há uma teórica de enfermagem que eu gosto muito que dizia que a enfermagem é sobretudo uma relação interpessoal, onde por vezes utilizamos procedimentos técnicos. Por isso é que é tão importante formar para a relação terapêutica.
Podemos ser ótimos técnicos, mas, se não formos detentores de uma atenção humana particular, a nossa técnica pode naquele momento resolver a situação, mas não é transformadora do outro. A enfermagem está centrada nas respostas de saúde que as pessoas têm de dar em determinadas fases do seu ciclo de vida e tem, portanto, o objetivo de ajudar o indivíduo e substituí-lo, durante o tempo que for preciso, nas respostas que ele não está capaz de dar, porque está impossibilitado, ou porque desconhece, ou porque está desmotivado. Isto dá-nos um campo de atuação diversificado, que pode ir desde a ajuda nas atividades mais básicas até às mais complexas. Se a nossa intervenção for feita sem ter em conta a pessoa única que está à nossa frente, poderemos resolver a situação no imediato, mas perde-se a oportunidade de ajudar a pessoa a aprender a tomar conta de si.
Isto significa que pretendemos que, na medida das suas possibilidades, a pessoa ganhe autonomia e aprenda com essa experiência. Se eu fizer tudo mecanicamente, sem ter em conta aquela pessoa e o seu contexto, esta não vai aprender, não se vai autonomizar, em última análise vedamos-lhe a possibilidade de se desenvolver e realizar.
Em enfermagem, a relação terapêutica deve estar presente em qualquer ato, qualquer cuidado de enfermagem, e isso é absolutamente necessário porque é transformador e realmente pode ajudar as pessoas. Os melhores profissionais são aqueles que se preocupam muito não só com a sua dimensão técnica e científica, mas igualmente muito com a dimensão humana. A pessoa cuidada desconhece, por exemplo, se um penso está a ser bem feito, ou se estamos a utilizar todos os procedimentos preconizados, e isso é da responsabilidade do profissional, mas ela vai-se lembrar sempre da relação que estabeleceu naquele momento. Fica sempre na memória a forma como somos tratados. Isso é expectável na profissão de enfermagem. Pode não ser expectável noutras profissões, mas no que diz respeito à enfermagem as pessoas esperam ser bem tratadas, tratadas com humanidade. Isso sim cumpre a nossa função maior: promover a saúde, prevenir a doença e recuperar o potencial de cada um, por meio de uma relação terapêutica, profundamente humana e humanizadora.
HN/RA
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