“Nós temos um conhecimento dentro desta organização brutal, dos profissionais do dia a dia, e aquilo que os investigadores têm mais dificuldade é ter campo de trabalho, isto é, casos para verificar e, consoante esses casos, descobrir novos medicamentos, novas formas de tratamento, novas patologias”, disse à Lusa o presidente do Conselho de Administração (CA) da ULS Médio Tejo, tendo Casimiro Ramos feito notar que este CIIC vai permitir “juntar o conhecimento na prestação de cuidados (até aqui disperso pelas várias especialidades) com a academia e investigadores para depois aplicar na melhoria da prestação de cuidados”.
O CIIC, uma das 32 medidas prioritárias para o primeiro ano de atividade da ULS Médio Tejo, foi esta segunda-feira apresentado publicamente no auditório da unidade hospitalar de Tomar, tendo contado com a presença do Bastonário da Ordem dos Médicos e com a assinatura de protocolos académicos com o Instituto Politécnico de Coimbra e com o Instituto Politécnico de Santarém.
Casimiro Ramos disse ainda que o CIIC da ULS Médio Tejo vai ter uma “abordagem multidisciplinar” e pretende acolher profissionais de todas as categorias e funções – médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de diagnóstico e terapêutica, mas, também, profissionais que possam vir a implementar melhorias e inovações nos processos, como gestores hospitalares, informáticos, entre outros.
O gestor disse ainda que o CIIC vai evoluir para a atribuição de bolsas de investigação para a realização de ensaios, estudos científicos, ou para frequentar cursos académicos, tendo incentivado os profissionais da instituição a aderirem a este centro de inovação e conhecimento.
O Bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, antigo Diretor de Serviço de Patologia Clínica do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), convidado para “apadrinhar’ o lançamento do CIIC, destacou, por sua vez, “a atividade assistencial, a formação, e a vertente da investigação, inovação e desenvolvimento científico”, estas últimas “muito desvalorizadas ao longo os anos”, como os “três pilares fundamentais” das ULS.
“A ULS Médio Tejo, das primeiras iniciativas públicas que apresenta, é precisamente para a área da investigação”, salientou Carlos Cortes, tendo indicado ser um “sinal muito positivo e muito importante para os profissionais, para a população e para o SNS”, tendo dado conta que a possibilidade de investigar é fator de “atratividade” para os profissionais do setor.
Citando um estudo sobre os fatores de atratividade dos médicos no SNS, o Bastonário indicou que “o fator salarial, sendo muito importante, não é o que vem à cabeça, antes as condições de trabalho, e é aí que entram as condições de acesso a investigação, ciência e medicina”, tendo defendido que as ULS “devem seguir este exemplo” para “evitar a fuga e como fator de atração”, criando “um SNS mais responsivo junto dos doentes que necessitem dele”.
Carlos Cortes disse ainda que “a aposta na ciência é vital para qualquer sistema de saúde”, tendo feito notar que o SNS “não se pode desenvolver sem os seus profissionais, sem as pessoas” e que “é um erro pensar que basta infraestruturas e equipamentos” médicos.
“Os profissionais querem condições para desenvolver o seu trabalho, na componente assistencial, formativa e de investigação, estruturada, com apoio da própria instituição. É o que aqui vão encontrar e as ULS devem seguir este exemplo”, vincou.
LUSA/HN
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