Rosário Monteiro participou esta sexta-feira no XXIII Congresso de Nutrição e Alimentação promovido pela Associação Portuguesa da Nutrição. A sua intervenção teve como foco os desafios e oportunidades do tratamento da obesidade nos cuidados de saúde primários.
Em declarações ao nosso jornal, a especialista afirmou que “a importância de trazer este tema ao congresso é muita. Em primeiro lugar, porque o excesso de peso, que engloba a pré-obesidade e a obesidade, afeta mais de 60% da população portuguesa. Em segundo lugar, porque esta doença esta associada a mais de 200 outras patologias”.
A também médica de família explicou que a etiologia da obesidade é multifatorial, destacando, por isso, a importância do envolvimento das diferentes especialidades médicas.
Questionada sobre a forma como é tratada a doença nos cuidados de saúde primários, Rosário Monteiro disse: “Esta patologia só agora é que começa a ser integrada nos índices de desempenho das equipas. Isto ajuda a melhorar o reconhecimento da obesidade como doença. A questão é que, pela limitação de recursos, nos cuidados de saúde primários não temos muita capacidade de abordar o problema. De qualquer modo, temos vindo a implementar novas estratégias nas nossas consultas e que visam a modificação do estilo de vida.”
Entre os desafios do combate à obesidade, a especialista identificou: o subdiagnóstico da doença; a falta de recursos; a ausência de uma estratégia nacional; o elevado custo dos medicamentos e o número de anos que os resultados demoram para serem visíveis, levando a que a doença não seja considerada uma prioridade por parte dos decisores políticos.
No que toca às oportunidades, a médica refere que: existe uma maior preocupação dos profissionais de saúde; há especialistas cada vez mais preparados para lidar com a doença; temos fármacos mais eficazes e, acima de tudo, que existe evidência que o tratamento da obesidade é custo-eficaz.
Sobre as estratégias que podem ser adotadas para melhorar o combate à obesidade destacou a desestigmatização da doença; a melhoria da comunicação com o doente, alertando para os riscos na saúde; a monitorização constante dos doentes; o envolvimento da família; a garantia do apoio psicológico, entre outros.
A especialista terminou com um apelo: “A obesidade tem de ser abordada da mesma forma que o resto das doenças crónicas.
HN/VC
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