O Sindicato dos Enfermeiros – SE, representando os profissionais de enfermagem de todo o país, reúne amanhã, dia 31 de julho, a partir das 14 horas, com a Ministra da Saúde, Ana Paula Martins. A reunião ocorre em resposta à proposta apresentada pelo Ministério da Saúde no início do mês, que sugeriu um aumento salarial de apenas 52 euros para os enfermeiros recém-ingressos nas categorias de Enfermeiro, Enfermeiro Especialista e Enfermeiro Gestor. O sindicato considera a proposta inaceitável e potencialmente geradora de maiores injustiças na classe.
Em um contexto onde outras categorias profissionais receberam aumentos salariais de pelo menos 300 euros, os enfermeiros deixam claro que não aceitarão aumentos inferiores a 35% do nível de entrada na carreira para todas as categorias. Nos últimos 15 anos, o salário líquido dos enfermeiros diminuiu cerca de 30%, levando em conta os aumentos no custo de vida e o congelamento da tabela salarial, que não é revista desde 2009. As sucessivas medidas governamentais têm desvalorizado a profissão, tratada com desdém pelas autoridades.
A proposta do Governo, considerada um insulto pelos enfermeiros, ignora as condições de trabalho desafiadoras que enfrentam diariamente, enquanto continuam a garantir cuidados de saúde de qualidade à população. A insatisfação é agravada pela dificuldade de reter profissionais formados no país, uma vez que o salário de entrada pouco supera o Salário Mínimo Nacional. Além disso, a profissão de enfermagem limita o acesso a cargos de topo, como a coordenação das Unidades de Saúde Familiares, alimentando a perceção de que determinados postos são reservados para uma elite da saúde.
Apesar dos avanços em outras profissões, como segurança pública e docência, os enfermeiros continuam a ser desvalorizados pelos governos. Enfrentam uma luta constante por reconhecimento e melhores condições de trabalho, especialmente após demonstrarem seu valor durante a pandemia de Covid-19 e agora com a iminente campanha de vacinação do plano de inverno 2024.
A reunião de amanhã será uma oportunidade crucial para reafirmar a posição dos enfermeiros: não aceitarão aumentos insignificantes e restritos a um grupo limitado de profissionais. O Sindicato dos Enfermeiros e a plataforma “Compromisso para a Enfermagem” estão unidos e determinados a lutar por uma valorização justa, não recuando na defesa dos interesses da classe.
A expectativa é que o Governo, a Ministra da Saúde e os Conselhos de Administração das ULS expliquem aos portugueses por que deixam o SNS em crise. Se outros ministros conseguiram acordos justos, a recusa em aceitar as demandas dos enfermeiros não se justifica e pode comprometer a salvação do SNS e a valorização dos seus pilares fundamentais.
NR/PR/HN
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