Investigadores criam interruptor molecular controlado pela luz

27 de Outubro 2024

Cientistas do Instituto Paul Scherrer desenvolvem fotorreceptores que permitem controlar atividades celulares através da luz, abrindo caminho para novas terapias médicas não invasivas.

Legenda da imagem: Investigadores do Centro de Ciências da Vida do PSI trabalham para possibilitar intervenção médica a nível celular usando interruptores ativados pela luz: Oliver Tejero e a última autora Ching-Ju Tsai, Gebhard Schertler e Matthew Rodrigues (da esquerda para a direita). © Instituto Paul Scherrer PSI/Mahir Dzambegovic

Uma equipa de investigadores do Instituto Paul Scherrer (PSI) alcançou um avanço significativo ao desvendar a estrutura de fotorreceptores específicos que poderão permitir controlar atividades celulares através da luz, representando um potencial salto revolucionário na investigação biológica e nas aplicações médicas.

Esta descoberta aproxima-nos de um antigo sonho da medicina: controlar atividades celulares sem recurso a produtos químicos, evitando assim efeitos secundários indesejados num organismo complexo. O controlo remoto através da luz surge como solução ideal, permitindo influenciar órgãos e tecidos profundos de forma seletiva e não invasiva.

O projeto, denominado Switchable rhodOpsins in Life Sciences (SOL), recebeu uma prestigiada bolsa ERC de cerca de oito milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação. Os investigadores focaram-se em recetores semelhantes às rodopsinas presentes na nossa retina, que podem ser ativados por impulsos luminosos e acionar processos de sinalização celular específicos.

Um avanço crucial foi conseguido com a rodopsina de uma espécie de aranha-saltadora, que se revelou robusta e fácil de produzir. Os investigadores conseguiram estabilizar o seu estado ativo através de uma pequena modificação na molécula retinal, permitindo estudar detalhadamente a sua estrutura.

Para ultrapassar a incompatibilidade natural entre a proteína da aranha e a proteína humana, a equipa criou uma quimera, combinando elementos de ambas as espécies. Além disso, através de modificações genéticas, conseguiram que a ativação e desativação ocorresse com diferentes cores de luz, um requisito fundamental para um controlo preciso.

Esta tecnologia poderá ter aplicações revolucionárias na investigação do cérebro, incluindo doenças como Parkinson e epilepsia. Além disso, poderá permitir investigar o marca-passo natural do coração, mecanismos de dor crónica, ansiedade, depressão e outras doenças mentais. O desenvolvimento de terapias celulares eficazes para disfunções hormonais, doenças imunitárias, cardíacas e cancro também está no horizonte das possibilidades.

Um dos próximos desafios é desenvolver interruptores sensíveis à luz infravermelha, que pode penetrar nos tecidos corporais, evitando assim a necessidade de implantar fontes de luz no corpo. Os investigadores trabalham agora na criação de um conjunto completo de GPCRs (recetores acoplados à proteína G) ativados pela luz para diversas aplicações no organismo.

NR/HN/Alphagalileo

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