A Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) encontra-se num momento decisivo, com as eleições dos seus Órgãos Sociais para o triénio 2025-2027 a decorrerem entre os dias 11 e 14 de dezembro de 2024. Este processo, que envolve um sistema de votação seguro e confidencial, coloca frente a frente duas listas concorrentes: “Rede das Redes” e “A Marca USF”. Ambas apresentam propostas inovadoras e estratégicas, refletindo diferentes abordagens para o futuro das Unidades de Saúde Familiar (USF) e dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) em Portugal.

A lista “Rede das Redes”, liderada por João Rodrigues, médico de família em Coimbra, que integrou, desde o seu início, a Missão para a Reforma dos Cuidados de Saúde Primários, aposta numa visão transformadora sob o lema “USF-AN na liderança transformadora e criação de redes colaborativas”. O programa desta candidatura organiza-se em torno de três dimensões principais: liderança estratégica, capacitação dos profissionais e defesa dos interesses das USF. Entre os seus sete objetivos fundamentais destacam-se a promoção do trabalho em equipa, a inovação contínua e o desenvolvimento de redes colaborativas. A equipa é composta por uma estrutura diversificada que inclui médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde, garantindo uma representação abrangente.

No seu programa, a lista propõe medidas como a implementação das “7×7 Medidas” para melhorar os CSP, a reativação da Academia dos CSP em parceria com universidades públicas e o fortalecimento da comunicação institucional. Projetos inovadores como a “Semana dos 4 dias” ou a “USF sem papel” também fazem parte das suas propostas, visando modernizar as unidades e adaptá-las às necessidades futuras. A aposta na formação contínua da equipa eleita é outra prioridade, com foco em áreas como gestão, liderança e governança clínica.

Por outro lado, a lista “A Marca USF”, encabeçada por André Biscaia, apresenta um programa estruturado em cinco pilares principais: reinventar os CSP, fortalecer a “Marca USF”, apoiar as lideranças locais, melhorar a comunicação interna e externa e dinamizar a vida associativa da USF-AN. Com uma equipa composta por 30 profissionais provenientes de várias regiões do país, esta candidatura destaca-se pela diversidade e equilíbrio entre continuidade e renovação.

Entre as suas propostas mais ambiciosas estão a criação de um Registo de Saúde Eletrónico Único para todo o Serviço Nacional de Saúde (SNS), a integração de novos profissionais nos CSP (como psicólogos e nutricionistas) e o aumento do uso da telemedicina. A lista também propõe iniciativas como Centros de Diagnóstico Integrados, Gabinetes de Medicina Dentária nas USF e flexibilização dos horários para melhorar o acesso dos utentes aos cuidados. No campo da comunicação, pretende-se renovar o website da associação, reforçar a presença nas redes sociais e adotar uma linguagem mais acessível.

Ambas as listas partilham um compromisso com a inovação e a melhoria contínua dos CSP, mas diferem nas suas abordagens estratégicas. Enquanto “Rede das Redes” enfatiza a criação de redes colaborativas interprofissionais e interinstitucionais como motor principal para transformar as USF, “A Marca USF” aposta na autonomia das unidades com gestão própria e financiamento independente dos cuidados hospitalares.

O desfecho destas eleições será determinante para definir o rumo estratégico da USF-AN nos próximos três anos. As propostas apresentadas refletem não apenas as prioridades imediatas para os CSP mas também uma visão mais ampla sobre o papel das USF no sistema nacional de saúde. A divulgação dos resultados está prevista para após o encerramento do processo eleitoral no dia 14 de dezembro.

HN/AL/MMM