Crise nas urgências hospitalares em Portugal agrava-se

10 de Janeiro 2025

Tempo de espera nas urgências é o principal motivo de reclamação dos utentes (44,8%). Hospitais Beatriz Ângelo (Loures), Pedro Hispano (Matosinhos) e Santa Maria (Lisboa) são os mais visados. Mais de 300 queixas registadas em seis meses.

A crise nas urgências hospitalares portuguesas tem-se agravado nos últimos meses, com um aumento significativo das reclamações dos utentes. De acordo com dados do Portal da Queixa, em apenas seis meses foram registadas mais de 300 queixas relacionadas com problemas nas urgências hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O tempo de espera é o principal motivo de insatisfação, representando 44,8% das reclamações. Os utentes relatam esperas médias de 6 horas para atendimento, o que tem gerado frustração e descontentamento generalizado. O mau atendimento é o segundo motivo mais frequente, com 27,9% das queixas.

Entre os hospitais mais visados nas reclamações, destacam-se o Hospital Beatriz Ângelo em Loures (7,8% das queixas), o Hospital Pedro Hispano em Matosinhos (5,8%) e o Hospital de Santa Maria em Lisboa (5,8%). Outros hospitais como o de Santo André, Braga e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra também figuram entre os mais mencionados.

A situação tem chamado a atenção das autoridades, com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, convocada para prestar esclarecimentos no Parlamento sobre a crise nas urgências e a possível transferência de gestão para as Misericórdias.

Esta crise reflete problemas estruturais no sistema de saúde português, incluindo a falta de médicos, sobrecarga dos serviços e dificuldades na gestão dos recursos disponíveis. O governo enfrenta pressão crescente para apresentar soluções eficazes e duradouras para um problema que afeta milhares de cidadãos em todo o país.

A análise dos dados revela ainda outros motivos de reclamação, como dificuldades na realização de contactos de apoio (5,4%), falta de informação no acompanhamento médico (5,1%) e falta de médicos (1,4%).

O agravamento da situação é evidenciado pelo aumento de 11% no número de reclamações registadas na primeira semana de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Este aumento sugere que, apesar dos esforços das autoridades de saúde, a situação nas urgências continua a deteriorar-se.

A crise nas urgências hospitalares não é um fenómeno novo em Portugal, mas a sua intensificação recente tem levantado sérias preocupações sobre a capacidade do SNS em responder às necessidades da população. Especialistas apontam para a necessidade de reformas estruturais no sistema de saúde, incluindo melhorias na gestão hospitalar, aumento do número de profissionais de saúde e investimento em cuidados de saúde primários para reduzir a pressão sobre as urgências.

PR/HN/MM

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