Descoberto mecanismo-chave no desenvolvimento do osteossarcoma

14 de Janeiro 2025

Um estudo revolucionário, publicado na revista Cell, desvendou um novo mecanismo genético responsável pelo desenvolvimento agressivo do osteossarcoma, um tipo raro de cancro ósseo que afeta principalmente crianças e jovens adultos entre os 10 e 20 anos. A investigação, liderada por uma equipa internacional de cientistas, incluindo o investigador português José Espejo Valle-Inclán, atualmente no […]

Um estudo revolucionário, publicado na revista Cell, desvendou um novo mecanismo genético responsável pelo desenvolvimento agressivo do osteossarcoma, um tipo raro de cancro ósseo que afeta principalmente crianças e jovens adultos entre os 10 e 20 anos. A investigação, liderada por uma equipa internacional de cientistas, incluindo o investigador português José Espejo Valle-Inclán, atualmente no Centro Botton-Champalimaud de Cancro do Pâncreas, identificou um processo denominado cromotripsis por perda-translocação-amplificação (LTA) presente em cerca de 50% dos casos de osteossarcoma de alto grau.

Esta descoberta, anunciada a 14 de janeiro de 2025, representa um avanço significativo na compreensão deste cancro complexo, que não via progressos substanciais nas opções de tratamento há quatro décadas. O osteossarcoma, conhecido pela sua agressividade e potencial de metástase, especialmente nos pulmões, tem sido um desafio para os investigadores devido à sua complexidade genómica.

A investigação baseou-se na análise da maior coleção de dados sobre o genoma completo de doentes com osteossarcoma. Utilizando tecnologias avançadas de sequenciação de ADN, os cientistas conseguiram decifrar como os cromossomas se quebram e reorganizam, explicando a elevada instabilidade genómica observada nas células cancerosas do osteossarcoma.
Além de identificar o mecanismo LTA, o estudo apresentou um importante biomarcador de prognóstico: a perda de heterozigotia (LOH). Este marcador pode ajudar a prever a evolução provável da doença, permitindo uma abordagem mais personalizada no tratamento e evitando terapias potencialmente tóxicas em doentes que não beneficiariam delas.

A investigação fez parte do Projeto 100.000 Genomas, uma iniciativa pioneira da Genomics England e do NHS England. A análise estendeu-se a mais de 5.300 tumores de diversos tipos de cancro, revelando que as anomalias cromossómicas complexas observadas no osteossarcoma são também relevantes para outros tipos de cancro.

Este avanço científico foi possível graças ao financiamento de várias organizações, incluindo a Sarcoma Foundation of America, a Pathological Society of Great Britain and Ireland, e o Tom Prince Cancer Trust, entre outras. O estudo contou com a colaboração de instituições prestigiadas como o EMBL-EBI, o University College London, o Royal National Orthopaedic Hospital e o laboratório de I&D da Genomics England.

Os investigadores expressaram gratidão a todos os doentes e famílias que doaram amostras para esta investigação, sublinhando a importância da colaboração entre a comunidade científica, a prática clínica e os sistemas de saúde para alcançar avanços significativos no tratamento do cancro.

Esta descoberta abre novas perspetivas para o desenvolvimento de terapias mais eficazes e personalizadas para o osteossarcoma, oferecendo esperança a milhares de jovens e famílias afetadas por esta doença devastadora.

PR/HN/MM

Legenda da imagem: Um novo mecanismo de mutação que desencadeia o osteossarcoma
Créditos da imagem: Karen Arnott/EMBL-EBI

 

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