UMinho desvenda segredos do cérebro sobre prazer e aversão

16 de Janeiro 2025

Investigadores da Universidade do Minho descobriram que neurónios D1 e D2 no núcleo accumbens trabalham em conjunto para processar estímulos positivos e negativos, contrariando a visão tradicional de que seriam rivais. O estudo, publicado na Nature Communications, oferece novas perspetivas sobre o sistema de recompensa cerebral.

Investigadores da Universidade do Minho (UMinho) deram um passo significativo na compreensão de como o cérebro codifica experiências positivas e negativas. A equipa, liderada por Ana João Rodrigues e Carina Cunha do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Escola de Medicina da UMinho, descobriu que dois grupos de neurónios, conhecidos como D1 e D2, trabalham em conjunto para processar estímulos bons e maus, contrariando a visão tradicional de que estas células atuariam como rivais.

O estudo, publicado na prestigiada revista Nature Communications, focou-se no núcleo accumbens, uma região cerebral crucial para o sistema de recompensa e que apresenta alterações em várias condições neuropsiquiátricas. Utilizando técnicas avançadas como microscopia miniaturizada e optogenética, os cientistas observaram a atividade de centenas de neurónios em tempo real em roedores expostos a estímulos apetitivos e aversivos.

Os resultados revelaram que tanto os neurónios D1 como os D2 responderam conjuntamente a ambos os tipos de estímulos durante a aprendizagem de associações positivas e negativas. Surpreendentemente, os investigadores descobriram que os neurónios D2 desempenham um papel fundamental na adaptação a mudanças nas regras de associação, sendo essenciais para que os animais compreendessem rapidamente novas situações.

Esta descoberta tem implicações significativas para a compreensão de doenças como a depressão, stress pós-traumático e dependência de substâncias, onde o sistema de recompensa está frequentemente disfuncional. O estudo abre novas possibilidades para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes para estas condições.

A investigação contou com a colaboração de cientistas da Universidade de Columbia e do Allen Institute (EUA) e foi cofinanciada pelo Conselho Europeu de Investigação, Fundação la Caixa, Fundação Bial e Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

A equipa da UMinho planeia agora identificar marcadores genéticos que diferenciem os neurónios responsáveis por codificar estímulos positivos e negativos, com o objetivo de criar novas ferramentas para manipular estes neurónios e compreender melhor o seu impacto no comportamento.

PR/HN/MM

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