No próximo dia 15 de fevereiro de 2025, o Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto) acolhe a 11.ª edição do Seminário de Oncologia Pediátrica, organizado pela Fundação Rui Osório de Castro (FROC). O evento, que coincide com o Dia Internacional da Criança com Cancro, centra-se nos desafios enfrentados pelos sobreviventes de cancro infantil, destacando a necessidade de acompanhamento a longo prazo, a investigação clínica e a integração de respostas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Mariana Mena, Diretora-Geral da FROC, sublinha que, apesar de a taxa de sobrevivência do cancro infantil em países desenvolvidos ser de 80%, os efeitos secundários pós-tratamento — como problemas cardiovasculares, cognitivos, de fertilidade ou psicossociais — afetam a maioria dos pacientes, exigindo cuidados continuados. “Estas sequelas podem surgir anos após a cura, exigindo uma rede de apoio estruturada que ainda não existe no SNS”, afirma. A lacuna no acompanhamento pós-alta motivará um debate sobre o ‘Novo Rumo no SNS’, com a participação do Diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, visando integrar soluções durante a atual restruturação do sistema.
Outro eixo central do seminário é a importância dos ensaios clínicos, essenciais para melhorar tratamentos e reduzir efeitos adversos. Ximo Duarte, oncologista pediátrico, alerta para as dificuldades em Portugal: a escassez de recursos humanos e a burocracia limitam a participação em estudos internacionais. Dados do projeto OCEAN revelam que, entre 2010 e 2022, Portugal integrou apenas 4% dos ensaios europeus, contrastando com taxas de 40-45% em países como Espanha ou Itália. Para auxiliar as famílias, a FROC apresentará o ‘Guia para Pais sobre Ensaios Clínicos’, ferramenta que visa esclarecer dúvidas e facilitar decisões informadas.
O evento incluirá ainda a entrega do Prémio Rui Osório de Castro/Millennium bcp, no valor de 15.000€, que apoia projetos inovadores na área da oncologia pediátrica.
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