A farmacêutica britânica GSK garantiu estar numa “posição de força” para enfrentar a ameaça de novas tarifas sobre medicamentos importados pelos Estados Unidos, mantendo-se vigilante face à incerteza gerada pelas políticas comerciais da administração Trump. Emma Walmsley (na imagem), CEO da GSK, sublinhou que a empresa tem vindo a preparar-se há vários anos para cenários adversos, destacando a reorganização da cadeia de abastecimento após a cisão da unidade de saúde do consumidor Haleon em 2022. Esta reestruturação permitiu à GSK reforçar a resiliência regional e adotar estratégias de dupla origem, reduzindo a dependência de um único mercado e mitigando riscos associados a potenciais barreiras comerciais.
Além do foco na logística, a GSK aposta em iniciativas de produtividade, com destaque para a aceleração do uso de inteligência artificial em toda a cadeia de valor. A empresa vê na IA uma oportunidade para otimizar processos, aumentar a eficiência dos serviços administrativos e impulsionar a investigação e desenvolvimento, posicionando-se assim na vanguarda da inovação farmacêutica.
Estes comentários foram feitos no contexto da apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2025, período em que a GSK registou vendas de 7,5 mil milhões de libras (cerca de 10 mil milhões de dólares), superando as previsões dos analistas. O segmento de medicamentos especializados cresceu 16%, impulsionado pelas áreas de imunologia respiratória, inflamação, oncologia e VIH, enquanto as vendas de vacinas recuaram 8%, refletindo uma menor procura pelas vacinas Arexvy e Shingrix. A empresa mantém, contudo, uma perspetiva cautelosa quanto ao desempenho deste segmento para o resto do ano.
No campo da oncologia, a GSK destacou-se com um aumento de 52% nas vendas, para 415 milhões de libras, beneficiando do forte desempenho do medicamento Jemperli e da reintrodução do Blenrep, aprovado recentemente no Reino Unido para o tratamento de mieloma múltiplo em segunda linha. Paralelamente, a empresa reportou um crescimento de 64% nos lucros trimestrais, atingindo 1,8 mil milhões de libras, e reafirmou a confiança em cumprir as metas anuais de crescimento de vendas entre 3% e 5% e de lucros por ação entre 6% e 8%.
Apesar da atual isenção temporária para produtos farmacêuticos europeus das tarifas americanas, a ameaça de medidas protecionistas permanece elevada. Analistas alertam para o impacto potencial de uma taxa de cerca de 20% sobre as importações do setor, o que poderia afetar significativamente as exportações europeias para os EUA e pressionar toda a cadeia de valor farmacêutica. A GSK, contudo, afirma-se preparada para responder de forma ágil a qualquer alteração no contexto regulatório, apoiando-se numa estratégia de diversificação e inovação contínua.
NR/HN/MM
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