Um estudo de grande dimensão, publicado a 22 de maio de 2025 no Canadian Journal of Cardiology, demonstrou que a prescrição de tratamentos medicamentosos baseados em diretrizes clínicas aumenta a sobrevivência de pacientes com 90 anos ou mais após o primeiro enfarte do miocárdio. A investigação, conduzida por uma equipa internacional com base em dados do Registo Nacional de Enfarte do Miocárdio de Singapura, analisou 3.264 não-agenários e centenários que sofreram um enfarte sem elevação do segmento ST entre 2007 e 2020. Os pacientes foram divididos em grupos conforme o número de terapias recomendadas prescritas à alta hospitalar: nenhuma, 1-2, 3 ou as 4 terapias recomendadas.
As terapias avaliadas incluíram betabloqueadores, antiagregantes plaquetários, fármacos para controlo lipídico e inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Os resultados apontam para uma melhoria progressiva da sobrevivência quanto maior o número de tratamentos prescritos, sendo o benefício máximo observado nos pacientes que receberam as quatro terapias. Estes dados contrariam a hesitação habitual dos clínicos em prescrever múltiplos medicamentos a idosos muito avançados, frequentemente motivada pelo receio de polifarmácia, fragilidade e potenciais efeitos adversos.
O estudo destaca-se por ser o maior até à data a analisar resultados após enfarte em pessoas com 90 ou mais anos, numa população real e num sistema de saúde avançado. Os seus resultados sugerem que a idade avançada, por si só, não deve ser motivo para restringir o acesso a terapias comprovadamente benéficas após um enfarte. O artigo e o editorial associado sublinham ainda a importância de considerar não só a sobrevivência, mas também a qualidade de vida, autonomia e redução de internamentos como objetivos terapêuticos relevantes para esta faixa etária. Os autores defendem uma avaliação cuidadosa e individualizada, mas encorajam a utilização das terapias recomendadas sempre que não existam contraindicações clínicas claras.
Bibliografia: “Guideline-directed Medical Therapy in Nonagenarians and Centenarians (≥ 90 Years Old) After First-onset Myocardial Infarction—a National Registry Study,” by Hon Jen Wong, MBBS, Keith Zhi Xian Toh, MBBS, Chen Ee Low, MBBS, Chun En Yau, MBBS, Yao Hao Teo, MBBS, Yao Neng Teo, MBBS, Vanda W.T. Ho, MB BChir, Li Feng Tan, MBBS, Ping Chai, MBBS, Poay Huan Loh, MB BCh, James W.L. Yip, MBBS, Andrew Fu-Wah Ho, MBBS, PhD, David Foo, MBBS, Pow-Li Chia, MBBS, Patrick Zhan-Yun Lim, MBBS, Khung Keong Yeo, MBBS, Weien Chow, MBBS, Daniel Thuan Tee Chong, MBBS, Derek J. Hausenloy, MBBS, PhD, Mark Y.Y. Chan, MBBS, PhD, and Ching-Hui Sia, MBBS (https://doi.org/10.1016/j.cjca.2025.01.031). The article is openly available for 30 days at https://onlinecjc.ca/article/S0828-282X(25)00101-1/fulltext. Journalists wishing to speak to the authors should contact Ching-Hui Sia, MBBS, at ching_hui_sia@nuhs.edu.sg.
NR/HN/Alphagalileo
0 Comments