Nova ferramenta de visualização revela como travar a disseminação do cancro da mama

3 de Junho 2025

Uma equipa da Universidade de Turku, liderada por Johanna Ivaska e James Conway, criou uma sonda fluorescente inovadora que permite visualizar e travar a disseminação do cancro da mama, abrindo portas a novas terapias contra metástases.

Investigadores da Universidade de Turku, na Finlândia, desenvolveram uma ferramenta de visualização celular inovadora que promete revolucionar o combate à disseminação do cancro da mama. O estudo, liderado pela Professora Johanna Ivaska e pelo Dr. James Conway, resultou na criação de uma sonda fluorescente denominada Illusia, capaz de revelar em tempo real os sinais dinâmicos que regulam o movimento das células cancerígenas durante o processo de metastização.

A capacidade das células cancerígenas se moverem e invadirem outros tecidos é um dos principais desafios no tratamento do cancro da mama, especialmente na transição de carcinoma ductal in situ (DCIS) para carcinoma ductal invasivo (IDC), fase associada a um prognóstico significativamente mais reservado. Até agora, visualizar como as células recebem e processam os sinais que desencadeiam a sua migração era uma tarefa extremamente difícil para a comunidade científica.

Com a Illusia, os investigadores conseguiram identificar a proteína fosfatase Shp2 como um regulador fundamental da metástase, ao controlar as interações das células tumorais com o tecido circundante. Esta descoberta abre caminho para a utilização de fármacos já em ensaios clínicos para outros tipos de tumores, agora com potencial para travar também a disseminação do cancro da mama.

Segundo o Dr. James Conway, o desenvolvimento desta sonda permitiu, pela primeira vez, observar sinais celulares invisíveis até então, transformando a compreensão dos mecanismos que impulsionam o movimento celular. A Professora Johanna Ivaska, responsável pelo grupo de investigação, sublinha que, apesar de o bloqueio da migração celular ser reconhecido como um passo crucial na progressão tumoral, ainda não existem terapias dirigidas especificamente a este processo. Os resultados obtidos sugerem que a abordagem poderá ser transversal a outros tumores sólidos, contribuindo para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.

A equipa integra o InFLAMES Flagship, uma iniciativa conjunta da Universidade de Turku e da Åbo Akademi University, dedicada à identificação de novos alvos terapêuticos e ao desenvolvimento de terapias personalizadas em colaboração com a indústria biotecnológica e farmacêutica. O grupo prossegue agora a investigação das novas vias terapêuticas abertas por esta descoberta, com o objetivo de melhorar o prognóstico dos doentes com cancro da mama e outros tumores sólidos.

Referência: Conway, J.R.W., Joshi, O., Kaivola, J. et al. Dynamic regulation of integrin β1 phosphorylation supports invasion of breast cancer cells. Nat Cell Biol (2025). https://doi.org/10.1038/s41556-025-01663-4

NR/HN/ALphagalileo

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