Equipa portuguesa descobre fóssil raro na Gronelândia e revela novas pistas sobre a origem dos mamíferos

17 de Junho 2025

Investigadores da NOVA FCT identificaram na Gronelândia um fóssil de 200 milhões de anos, Nujalikodon cassiopeiae, que revela detalhes inéditos sobre a evolução dos primeiros mamíferos e reforça a importância paleontológica da região.

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa (NOVA FCT), liderada por Sofia Patrocínio, conduziu o estudo de um fóssil raro descoberto na Gronelândia, que oferece novas perspetivas sobre a evolução dos primeiros mamíferos. O fóssil, identificado como Nujalikodon cassiopeiae, representa um dos parentes mais antigos dos mamíferos e viveu há cerca de 200 milhões de anos, no início do Jurássico. Com o tamanho de um rato e provavelmente alimentando-se de insetos, a análise dos seus dentes revelou pistas sobre o desenvolvimento de estruturas dentárias mais complexas nos primeiros grupos de mamíferos, facilitando a sua diversificação evolutiva.

Estruturas dentárias do fóssil

A descoberta ocorreu em 2018, durante escavações na região de Lepidopteriselv, na Bacia de Jameson Land, no Centro-Leste da Gronelândia. Os paleontólogos encontraram um pequeno fragmento de mandíbula com um dente bem preservado, o primeiro exemplar deste tipo identificado no Grupo Kap Stewart. O Nujalikodon cassiopeiae pode ser o membro mais antigo conhecido do grupo Docodonta, parentes próximos dos mamíferos.

Sofia Patrocínio (na imagem) que liderou a equipa de investigadores, destaca que estudar este fóssil e perceber que se tratava de uma nova espécie foi emocionante, sublinhando que a sua dimensão diminuta contrasta com a riqueza de informação fornecida sobre a evolução dentária dos primeiros mamíferos. Elsa Panciroli refere que se sabe muito pouco sobre os mamíferos deste período, pois os seus fósseis são extremamente raros, e esta descoberta reforça a importância da Gronelândia para compreender a sua evolução. Vicente Crespo explica que o Nujalikodon sugere que os docodontes podem ter surgido na Gronelândia ou na Europa no final do Triássico, antes de se dispersarem pelo Hemisfério Norte.

Com um clima quente e sem gelo polar, o Jurássico inicial permitiu uma maior mobilidade dos animais pelo supercontinente. Os docodontes foram um dos primeiros grupos a atingir uma diversidade ecológica significativa, independentemente dos restantes mamíferos. No entanto, os fósseis desta época são escassos, dificultando a compreensão da sua evolução.

O fóssil está atualmente armazenado no Museu de História Natural da Dinamarca, onde continuará a ser estudado para aprofundar o conhecimento sobre os primórdios da linhagem dos mamíferos. Este trabalho destaca o papel de vanguarda dos investigadores da NOVA FCT na investigação internacional e sublinha a relevância da instituição no panorama científico português.

Mais informações: https://www.fct.unl.pt/pt-pt

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