“Alcançar o estatuto de Laboratório Supranacional de Referência para Tuberculose da OMS melhoraria significativamente a mentoria e o reforço da capacidade regional, promovendo o acesso a diagnósticos de tuberculose de alta qualidade nos países africanos lusófonos e permitindo uma deteção mais rápida da tuberculose para melhorar o controlo transfronteiriço da doença”, afirma Carl-Michael Nathanson, do Programa Global da OMS para aquela doença.
Citado numa informação divulgada hoje pela OMS, o responsável diz que o “progresso” daquele laboratório “é louvável” e prova que “com pessoal comprometido e qualificado, forte apoio governamental, uma visão estratégica clara e financiamento adequado, é possível estabelecer serviços laboratoriais essenciais com elevada qualidade, segurança e eficácia”.
A OMS refere que Moçambique está a ampliar aquele laboratório, com formação de especialistas e “investimento na mais recente tecnologia, entre outras”, para o tornar numa “unidade de referência regional e reforçar a luta contra a tuberculose, uma das principais doenças infecciosas e que mais matam no mundo”.
O laboratório está equipado com infraestruturas de biossegurança de última geração e uma equipa de 18 profissionais altamente qualificados, desempenhando “um papel central no diagnóstico e vigilância da tuberculose” em Moçambique, recebendo 7.000 amostras por ano, “cada uma registada e monitorada através de um sistema digital”.
“A equipa seleciona amostras positivas para cultura de tuberculose para posterior testagem molecular a fim de determinar a resistência a medicamentos e orientar o tratamento adequado”, explica a OMS, recordando que os Laboratórios Supranacionais de Referência para Tuberculose são unidades especializadas, formam parte da rede da OMS “e prestam apoio técnico e orientação aos programas nacionais de tuberculose, particularmente para a vigilância e diagnóstico” das variantes resistentes a medicamentos.
“Na região africana, o acesso limitado a diagnósticos rápidos é um dos maiores desafios na resposta à tuberculose. Atualmente, apenas 54% dos pacientes (…) têm acesso a diagnósticos rápidos e mais de metade dos casos de tuberculose multirresistente ficaram sem diagnóstico e tratamento em 2023”, sublinha a OMS.
No âmbito do alargamento da atividade daquele laboratório, uma missão de avaliação técnica esteve em Maputo em maio “para avaliar a prontidão do laboratório e a aptidão para assumir este papel regional crítico”, conduzida por especialistas daquela agência, de Laboratórios Supranacionais de Referência para Tuberculose do Uganda e do Brasil e parceiros da comunidade de saúde em África, “que analisaram a infraestrutura, o desempenho e o alinhamento do laboratório com as normas da OMS”.
“Demonstra muita competência técnica, resiliência e vontade de fazer a diferença. Para o Programa Nacional de Tuberculose do Brasil, esta visita foi importante não apenas para partilhar conhecimentos técnicos, mas também para abrir uma comunicação mais fluida entre os países”, afirma Nicole Souza, técnica em bioquímica farmacêutica do programa nacional brasileiro, citada pela OMS.
O investimento contínuo “em competências e sistemas” é descrito pela OMS como “crucial para prestar serviços diagnósticos de tuberculose “fiáveis e de alta qualidade em nível nacional e regional”.
“Aproximar os países lusófonos das ações de saúde é essencial para fortalecer a cooperação e o desenvolvimento da saúde pública e, em especial, para a eliminação da tuberculose”, afirma ainda a especialista.
Moçambique registou mais de 116 mil casos de tuberculose em 2023, contra 119 mil em 2022, continuando a doença a ser “um importante desafio de saúde pública”, segundo informação anterior do Ministério da Saúde.
lusa/HN
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