Lisboa, 28 abr 2020 (Lusa) – O PCP criticou hoje a União Europeia (UE) por querer “acrescentar dívida à dívida” de países como Portugal na resposta à pandemia de covid-19 e voltou a defender a saída do país do euro.
A resposta europeia ao surto epidémico, que afeta grande parte dos países da UE, foi, em vez de “solidariedade real”, uma proposta de “acrescentar dívida à dívida” para ficar “empenhado por décadas e décadas”, por um “tempo sem fim”, afirmou Jerónimo de Sousa, numa conferência de imprensa, por Skype, a partir da sede do partido, em Lisboa.
O líder dos comunistas criticou ainda a União pela falta de uma resposta “de solidariedade efetiva e real”, admitindo ser pouca a sua expectativa de o próximo conselho europeu vir a decidir meios pesados de apoio aos países afetados pela pandemia, usando a imagem utilizada pelo primeiro-ministro, António Costa, da “bazuca” ou da “pressão de ar” .
Um dia depois de ter reunido a comissão política do PCP, Jerónimo apresentou uma resolução sobre a resposta “ao surto epidémico e aos seus impactos económicos e sociais” e em que a saída do euro é um dos pontos, a par de um resumo das posições do partido nas últimas semanas sobre o que é preciso fazer e que medidas tomar para combater o surto no país.
A “libertação do país da submissão ao euro, articulada com a renegociação da dívida pública” é uma das propostas, que os comunistas defendem pelo menos desde 2016.
O euro, justificam, “representou duas décadas de estagnação económica, de limitações aos serviços públicos, desvalorização dos salários e dependência”, pelo que Portugal “precisa de recuperar instrumentos de soberania, designadamente no plano económico e monetário”.
Em termos económicos, o PCP também “defende a controlo público da banca, a recuperação para o setor público dos setores básicos e estratégicos da economia”.
A nacionalização ou “controlo público de empresas e setores estratégicos deverá ser desenvolvida, não para socializar prejuízos e privatizar novamente – como aconteceu no setor financeiro -, mas para colocar empresas como a TAP, a ANA-Aeroportos, os CTT, a EDP ou a REN, “o serviço do desenvolvimento do país”.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 212 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, morreram 948 pessoas das 24.322 confirmadas como infetadas, e há 1.389 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
Lusa/HN
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