HIV: infetados através de drogas intravenosas têm pior qualidade de vida

1 de Dezembro 2020

As pessoas que contraem VIH através de drogas intravenosas (DIV) reportaram piores níveis de qualidade de vida que homens que têm sexo com homens (HSH) e pessoas infetadas através de transmissão heterossexual,

Segundo o estudo “Qualidade de vida na infeção VIH: perfis segundo o modo de transmissão”, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e da Escola de Psicologia da Universidade de Sussex, em Brighton, no Reino Unido.

O estudo, que contou com uma amostra de 1112 doentes infetados com VIH, mostrou que existem “diferenças significativas nos domínios de independência, ambiente e espiritualidade, e na faceta geral de qualidade de vida”.

Quem reportou ter contraído VIH através de drogas intravenosas afirmou ter pior qualidade de vida que o grupo de homens que têm sexo com homens (HSH) e que o grupo que referiu transmissão heterossexual.

Já o último grupo apresentou significativamente “pior qualidade de vida no domínio ambiente e na faceta geral que o grupo HSH. Os domínios psicológico e independência contribuíram para a qualidade de vida geral de todos os grupos, porém, os domínios físico e ambiente só contribuíram para a qualidade de vida geral dos grupos de transmissão por DIV e heterossexual”.

Para os autores, “os resultados sugerem importantes diferenças segundo o modo de transmissão do VIH e reforçam a importância de intervenções de promoção da qualidade de vida adaptadas às características e necessidades destes diferentes subgrupos da população com VIH”.

A amostra foi constituída por 1112 doentes, com uma idade média de 40,51 anos (DP = 9,50; amplitude: 18-78). Os participantes eram maioritariamente do sexo masculino (68%), solteiros (45%), tinham habilitações ao nível do 2º e 3º ciclos do ensino básico (46%) e encontravam-se empregados (50,2%). No que respeita às variáveis clínicas, a maior parte dos doentes estava em fase assintomática (61,3%), não tinha outras coinfecções (71,3%) e estava a fazer medicação antirretroviral (75,4%).

A análise comparativa dos três grupos indicou a existência de diferenças em todas as variáveis sociodemográficas e clínicas, com exceção do estádio da infeção. Em termos gerais, os doentes do grupo HSH tinham mais anos de escolaridade, bem como maior probabilidade de ser solteiros e estar empregados que os doentes dos restantes grupos. Os participantes que referiram infeção por via heterossexual eram significativamente mais velhos que os doentes dos restantes grupos e tinham maior probabilidade de terem sido diagnosticados há menos tempo. Por seu turno, os infetados por intermédio de consumo de drogas injetáveis tinham maior probabilidade de reportar outras coinfecções, de apresentar menor contagem de linfócitos CD4+ e de estar a fazer medicação antirretroviral.

João Marques

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