A Direção da Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) está extremamente preocupada com o projeto de portaria do Governo que prevê alterações na formação geral de medicina, bem como o desvio de médicos internos da formação geral para o combate à pandemia de Covid-19. Em causa, para os estudantes, está a qualidade e a “distorção” do futuro do ensino médico em Portugal.
Para a ANEM, é importante garantir a formação dos futuros médicos antes de os colocar no mercado de trabalho, algo que a alteração ao plano formativo, “que quebra o compromisso social assumido entre o Estado e os estudantes de Medicina”, não pode satisfazer sem um “plano de recuperação de formação”, como propõem os estudantes.
Apesar de reconhecer a importância de reforçar os meios humanos no combate à pandemia, a ANEM salienta que este é geralmente o período em que os médicos que não chegam a estudar uma especialidade têm acesso a “pratica tutorada” antes de prestarem cuidados de saúde sem qualquer tipo de supervisão. Por isso mesmo, segundo esclarece a ANEM em comunicado, “o ano da formação geral não pode ser menosprezado, sob nenhum pretexto”.
A ANEM acrescenta ainda que a maior parte dos médicos que deveriam iniciar “o internato de formação geral em janeiro de 2021 viu a sua parte final da sua formação académica condicionada pela suspensão de estágios clínicos em março de 2020”. Uma lacuna que pode agora agravar-se.
“As decisões da tutela da Saúde demonstram uma desorientação, uma desorganização e uma incapacidade de planeamento, apesar dos alertas serem muitos e cada vez mais frequentes. Por um lado, a tutela tenta manter um regime de aparente normalidade. Por outro, desconsidera os avisos dos profissionais de saúde, coarta a formação e não prepara para o futuro”, pode ler-se no comunicado.
PR/HN/João Marques
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