Equipa portuguesa resolve problema de auscultar pacientes com Covid-19

15 de Dezembro 2020

Uma equipa de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) ultrapassou a dificuldade de auscultar doentes infetados com Covid-19 através de um software que permite a ligação remota entre o estetoscópio colocado no doente e o médico.

A utilização do estetoscópio comum está desaconselhada derivado das medidas de proteção individual exigidas aos profissionais de saúde e à imposição de uma distância segura dos pacientes infetados, para evitar o risco de contágio. Com a nova solução, mais barata que a realização de exames raio-x ou ecografia a cada um destes pacientes, o estetoscópio eletrónico é colocado no paciente. Através do software agora desenvolvido e de uns auriculares, o médico consegue auscultar o paciente à distância, através de um cabo ou de ligação Bluetooth.

“É uma solução de engenharia muito simples, mas que resolve um grande problema operacional que os médicos enfrentam, permitindo restabelecer o uso de um instrumento essencial de diagnóstico e prognóstico”, afirmam os autores da solução, Henrique Madeira, João Santos (na imagem) e Paulo de Carvalho, do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC).

“Com a auscultação pulmonar ouvem-se e distinguem-se sons característicos de diversas situações clínicas broncopulmonares. Com esta solução será possível obter essas úteis informações de modo remoto e permitir uma tomada de posição terapêutica sustentada”, salienta, por seu lado, o pneumologista Carlos Robalo Cordeiro.

A solução vai ser disponibilizada gratuitamente a toda a comunidade médica internacional. Para tal, basta efetuar o download da aplicação “SafeSteth” na Google Play Store e adquirir um estetoscópio eletrónico Littmann, cujo valor comercial varia entre 200 e 300 euros.

Os investigadores vão também colocar o código fonte (software) em domínio público, de forma a que outros cientistas possam contribuir para melhorar e alargar as funcionalidades da solução agora desenvolvida.

O trabalho foi desenvolvido por uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em parceria com os médicos Carlos Robalo Cordeiro e Tiago Alfaro, do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

Esta tecnologia foi criada no âmbito do projeto de investigação “Lung@ICU – Ferramentas avançadas para diagnóstico e prognóstico em pneumologia @ Cuidados Intensivos”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), centrado no desenvolvimento de um conjunto integrado de ferramentas de diagnóstico e prognóstico baseado em Inteligência Artificial (IA), com base em auscultação remota de som torácico e tomografia por impedância elétrica (EIT).

Este projeto tem como objetivo dar resposta a três grandes desafios enfrentados nos atuais ambientes hospitalares para combater doenças pandémicas: dificuldades no diagnóstico e avaliação adequada dos pacientes com Covid-19, escassez de profissionais treinados em pneumologia e unidades de cuidados intensivos (UCI) e necessidade de ferramentas de apoio à decisão adequadas para o diagnóstico e prognóstico preciso da evolução da doença.

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