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A importância das novas competências dos profissionais de saúde: digital e multiprofissional
Se a gestão da pandemia e da pressão que a mesma está a colocar nos sistemas e organizações de saúde é um desafio permanente, é certo também que o papel dos profissionais de saúde foi e continua a ser incontornável.
Por um lado, foi necessário aumentar o número de profissionais em muitas organizações, mas a questão provavelmente não pode ser vista apenas quantitativamente, pois por outro lado, um maior número significa invariavelmente uma maior necessidade de coordenação, articulação e liderança. A forma como os horários, identificação e mapeamento das competências formais e informais, ou igualmente complexo o trabalho online, foram e serão no futuro, postos em causa.
O modelo de gestão baseado na presença física nas instalações, conjuntos rígidos de competências e especialidades, a que correspondem grupos de doentes e doenças, frequentemente balcanizados em corporativismos profissionais, foi posto em causa pela pandemia, mas já vinha sendo questionado por muitos dos que veem a Saúde 2.0 ou 3.0 como uma inevitabilidade.
As tecnologias digitais trazem potencial imenso de novas articulações profissionais, através do aumento de capacidade de gestão de competências profissionais das organizações e dos próprios macros-sistemas, como sejam os grupos privados ou o SNS funcionarem. O primado da equipa multidisciplinar multi-organizacional e multi-profissional, é cada vez mais uma evidencia. Na oncologia por exemplo, só tecnologias digitais serão capazes de juntar em torno do mesmo doente/caso as necessárias competências profissionais.
A medicina e a prática de saúde são altamente dependentes do conhecimento e da ciência. Inteligência Artificial e inteligência aprimorada, bem como profissionais híbridos, dividindo as tarefas entre humanos e robôs. Estas componentes formarão uma nova força de trabalho. Os profissionais de saúde têm de ser interoperáveis, tal como as diferentes tomadas elétricas e tensões funcionam através de regras e adaptadores. As diferentes profissões precisam de encontrar pontes humanas interpessoais e interprofissionais, já que a maioria dos problemas atuais de baixo desempenho e erros em medicina são, em última análise, relacionáveis com problemas de comunicação, multiprofissionalismo e bons “espaços comuns”.
Os profissionais de saúde do futuro têm de ser transformados e capacitados para conhecer o potencial das tecnologias digitais, sobretudo os impactos da Inteligência artificial, da robótica, das “digital therapeutics” e mais ainda a mudança para o formato de prestação no contexto da telesaúde.
Se é verdade que cada profissional individualmente pode e deve continuar a procurar uma relação especial e terapêutica com o cidadão, doente ou cuidador, não é menos verdade que 2021 e seguintes serão anos do profissional-em-rede, ou profissional-como-rede e não mais o profissional individual. Estes “cérebros e corações” distribuídos, entre vários profissionais de saúde, focalizados e centrados no desafio que cada doente coloca, têm de ser agregados por lideres da saúde, e têm de não só conhecer e usar adequadamente e exigentemente as tecnologias digitais, como, quando sejam eles os coordenadores, diretores, supervisores e gestores intermédios, têm de conhecer o suficiente sobre saúde digital, para aí, nesse contexto, criarem as novas respostas integradas e integrantes.
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