Health Cluster Portugal apresenta resultados de estudo sobre cirurgia da catarata

22 de Fevereiro 2021

O Health Cluster Portugal (HCP), numa colaboração público-privada com 12 hospitais nacionais, analisou resultados de centros oftalmológicos, validando eficiências e racionalização de custos sem perda de qualidade na cirurgia da catarata.

Em comunicado, lê-se que o projeto VBHCAT do HCP, que resulta agora no primeiro relatório anual (2020), visa apresentar os resultados de uma análise a mais de 11 mil pacientes e o caminho numa estratégia de racionalização de custos, mantendo a qualidade dos cuidados prestados da perspetiva doente.

Em 85% dos casos, antes da cirurgia, os pacientes tinham uma acuidade visual inferior ao mínimo ideal para poderem conduzir (5/10). Após a cirurgia, 94% dos pacientes tinham uma capacidade igual ou superior a esse patamar; 78% dos casos atingiram uma acuidade visual “normal” (10/10).

As cirurgias decorreram sem complicações em 98.2% dos casos. Registaram-se apenas três casos de infeção presumivelmente relacionada com a cirurgia (endoftalmite), tida como a complicação cirúrgica mais grave.

Os pacientes preencheram questionários antes e após a cirurgia para avaliar o grau de incapacidade para a vida diária relacionado com a visão. Em 89% dos casos, foi reportada uma melhoria significativa na realização de tarefas da vida quotidiana após a cirurgia.

O projeto do Health Cluster Portugal tem como objetivo a criação de um sistema de benchmarking rigoroso e credível em cirurgia de catarata, colocando o foco nos resultados em saúde obtidos, sobretudo na ótica do doente, e promovendo uma cultura de melhoria contínua numa cirurgia de alto volume e impacto na qualidade de vida do doente e nos custos do SNS.

De acordo com o comunicado enviado à comunicação social, o projeto servirá como um referencial a uma prática clínica de excelência, com informação contínua aos clínicos e à população em geral, permitindo que os doentes façam escolhas informadas, numa lógica orientada para o cidadão/doente e visando a obtenção do máximo de ganhos em saúde.

“Os sistemas de saúde baseados no volume estão desajustados e o futuro exige uma mudança de estratégia e atitude. Um modelo orientado para os resultados será aquele que, não só melhora a qualidade da saúde dos cidadãos, como também o tende a fazer com um menor investimento, assegurando a eficiência. O objectivo das instituições deve ser direccionado na avaliação e diferenciação dos ‘resultados’, com informação contínua aos clínicos e população em geral, permitindo aos doentes fazerem escolhas informadas”, afirmou Joaquim Murta – coordenador do projeto e diretor do Centro Responsabilidade Integrado de Oftalmologia Centro Hospitalar Universitário de Coimbra -, que foi citado em comunicado

Para Joana Feijó, diretora de negócio do Health Cluster Portugal e responsável pelo projeto “esta primeira fase de análise dedicada a oftalmologia, finalizada com sucesso, leva-nos a concluir que é fundamental a expansão do projeto de Value-based Health Care a outras especialidades médicas”, lê-se em comunicado.

Este projeto contou com a participação do Centro Hospitalar de São João, do Centro Hospitalar do Porto, do Hospital de Braga, do Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, do Instituto Gama Pinto, de cinco unidades do Grupo CUF, da Unidade de Oftalmologia de Coimbra – UOC, assim como de cinco empresas: a Novartis, a Alcon, a Bayer, a Edol e a portuguesa tecnológica Promptly.

O Health Cluster Portugal tem um plano de expansão do projeto de Value-based Health Care a outras especialidades, de forma a potenciar a adoção deste novo modelo baseado em valor. O projeto terá continuidade em 2021.

A catarata é uma patologia inevitável com a idade que afeta de forma muito negativa a qualidade de vida das pessoas e a sua mobilidade. A cirurgia da catarata é a mais realizada no mundo e uma das que tem mais impacto numa perspetiva de custo-benefício. Permite corrigir, dependendo da estratégia e lente implantada, a visão de longe, intermédia e perto (presbiopia), bem como o astigmatismo.

PR/HN/RA

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