Health Data Forum: a partilha de dados é o futuro do setor da saúde

13 de Maio 2020

O evento sublinhou a importância da colaboração entre o estado, empresas e setor social no desenvolvimento de projetos relacionados com a partilha de dados em saúde, com o objetivo de melhorar os cuidados de saúde aos utentes

O Fórum Hospital do Futuro, em parceria com Devscope, Glintt, GS1 Portugal, HLTSYS – HealthySystems, Novartis, Sectra e a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, organizou a primeira edição do Health Data Forum, um evento que contou com a presença de 82 convidados e 42 especialistas em saúde e tecnologia.

A cimeira online organizada nos passados dia 7 e 8 de Maio pelo Fórum Hospital do Futuro, com o apoio da Devscope, da Glintt, da GS1 Portugal, HLTSYS – HealthySystems, da Novartis, da Sectra e da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, reuniu um amplo consenso entre os mais reputados especialistas em dados em saúde sobre a importância chave que os dados podem ter, quer no combate à COVID- 19, quer na prevenção de próximas pandemias.

As sessões – em formato de partilha de ideias – contaram com a presença de 42 especialistas das áreas da saúde e tecnologia, bem como representantes de entidades públicas nacionais e internacionais, que identificaram diferentes perspetivas sobre o contributo dos dados nas várias áreas das saúde. Neste Fórum que contou com mais de 200 inscritos e, até ao momento, mais de 4.000 visualizações nas redes sociais, foi abordado o papel dos dados enquanto ferramentas para a prestação de cuidados de saúde, mas também como forma de monitorizar a saúde da população. Esta reunião equacionou ainda diferentes contributos da associação da inteligência artificial à exploração de big data no setor da saúde para a tomada de decisão e a redução das taxas de morbilidade.

Uma das principais conclusões do evento foi a da importância da colaboração entre o estado, empresas e setor social para o desenvolvimento de projetos relacionados com a partilha de dados em saúde, com o objetivo de melhorar os cuidados com o paciente. Foi ressalvado que a partilha dos dados deve fazer-se respeitando os requisitos de privacidade, hoje possível com base em algoritmos de anonimização e chaves encriptadas. A segurança e a privacidade dos dados são uma vantagem competitiva da União Europeia. Estes princípios podem mesmo ser o suporte para a criação de uma base de dados europeia, com o objetivo de partilhar os dados clínicos de pacientes, um passo essencial no sentido da diminuição da morbilidade e da proteção de vidas.

O contributo de vários representantes do Estado Português no evento permitiu concluir que o Governo mantém o seu compromisso com a transformação digital do país no setor da saúde, top-down, em todas as organizações da saúde e através dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde – o braço digital da saúde.

Foi, igualmente, assinalado que Portugal quer liderar um processo de transformação dos sistemas nacionais de saúde na União Europeia, que têm de passar a ser centrados na gestão inteligente de dados em saúde.

Uma das entidades parceiras do Fórum, a GS1 Portugal, já desenvolve standards na área da saúde e aplica a codificação de dados neste setor. O seu Diretor Executivo, João de Castro Guimarães, ressalva a importância do debate de ideias como forma de reequacionar o futuro da gestão de dados no setor da saúde: “Ao longo de dois dias tivemos oportunidade de olhar para os dados na saúde de uma forma transversal, através da visão crítica de vários interlocutores e especialistas mundiais. Os dados na saúde, a qualidade com que estes são geridos e analisados, bem como a sua interoperabilidade nos vários sistemas e mecanismos, são temas essenciais e que irão ditar uma resposta cada vez mais eficiente e qualitativa dos cuidados de saúde”, sublinha.

Algumas ideias para o futuro do setor da saúde

As sessões de debate no Health Data Forum ofereceram pistas e caminhos sobre como a tecnologia e os dados poderão contribuir para o futuro da saúde e dos sistemas nacionais de saúde. Augusto Ernesto Ittig, presidente do RISAD, que participou no painel “Imagens e diagnósticos mais precisos para um atendimento personalizado” fez uma exposição sobre a vantagem e a necessidade da telemedicina. Não só para chegar às geografias mais remotas e aos povos mais isolados, mas também para dinamizar o circuito da medicina hospitalar.

Mahmood Adil, Diretor Médico em Edimburgo, que moderou o painel “Permitir a colaboração dentro e entre diferentes sistemas de saúde”, destacou que a saúde carece de um novo paradigma de análise: de decisões centradas no estetoscópio há que passar para um paradigma que faça assentar a tomada de decisão num “data-escópio”, ou seja, utilizar os dados para conseguir exercer medicina preventiva. Sublinhou, ainda, a importância de aumentar a saúde das pessoas de uma forma geral, quer ao nível mental como físico, e da adoção de uma ação mais preventiva e preditiva.

Jonathan Gomez-Raja, Coordenador Científico da Fundesalud da Junta da Extremadura, orador do painel “Os desafios e as oportunidades para o atendimento domiciliar”, referiu o desenvolvimento de uma solução inovadora de telemedicina que está a ser testada na Extremadura, em Espanha. É implementada através de um robot interactivo, pensado para um target de população mais idosa ou isolada, que, entre outras funções, emite alertas sobre as horas de medicação, monitoriza e faz a ligação para o contacto de emergência, se necessário.

No painel debate com o tema: “Terapias sob medida e adesão do paciente”, foi abordado o conceito de global data que consiste na partilha de dados ao nível global e foi reforçada a importância da standardização e da necessidade de se estruturar todos os dados com base numa plataforma comum e partilhada, para que todos possam falar a mesma língua, com o objetivo de chegar a respostas mais rápidas, à partilha de boas práticas ou terapêuticas de sucesso.

 

CI/HN

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