Combate à malária avança com contributo da bioinformática

13 de Agosto 2021

Uma equipa de investigadores do ICVS da Escola de Medicina da Universidade do Minho liderada por Nuno Osório concluiu que o estudo do maior parasita da malária (Plasmodium Falciparum) deve considerar, com a ajuda da bioinformática, o estado de desenvolvimento deste nos nossos glóbulos vermelhos.

A investigação da equipa de Nuno Osório e Sílvia Portugal – investigadora portuguesa do Instituto Max Planck – revelou uma assinatura de transcrição, ou seja, um perfil transversal a vários estudos que identifica uma hipótese nova: o tempo de circulação do parasita está associado ao seu potencial de crescimento e virulência, influenciando o resultado da doença. Foi possível, com a ajuda da bioinformática, demonstrar a importância de estarmos atentos ao estado de desenvolvimento dos parasitas nos nossos glóbulos vermelhos infetados, lê-se no comunicado de imprensa.

O investigador Nuno Osório explica: “A maior carga de parasitas resulta da capacidade que terão em promover uma ligação forte dos glóbulos vermelhos infetados às células endoteliais [parte da parede interna dos nossos vasos sanguíneos], retirando-os da circulação sanguínea e permitindo fugir à eliminação que numa situação normal aconteceria no baço. Isto contribuirá para um aumento mais rápido da quantidade de parasitas no corpo da pessoa infetada, resultando em apresentações clínicas piores”.

“Ao destacarmos a dinâmica de adesão celular dos glóbulos vermelhos infetados como uma das grandes forças impulsionadoras da severidade clínica da malária reforçamos também futuros alvos terapêuticos que poderão ser utilizados em novas formas de combater a malária”, remata o investigador da Universidade do Minho.

O trabalho desenvolvido, publicado na revista Nature, contou, em todas as etapas, com o apoio da bioinformática. “Nos últimos anos, a bioinformática permitiu evoluir da investigação científica centrada num conjunto limitado de genes ou proteínas para uma perspetiva mais ampla, mais geral e completa”, contextualiza Nuno Osório, responsável da equipa do ICVS que coordenou o trabalho em bioinformática.

Além do papel essencial na identificação de assinaturas, a utilização desta área na investigação biomédica permite o uso de dados em larga escala, ajudando a responder a questões biológicas mais avançadas. “Estes avanços poderão ser traduzidos em métodos de diagnósticos mais avançados, ou terapias mais eficazes para diversas doenças”, conclui.

PR/HN/Rita Antunes

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