Pizarro considera um sucesso o concurso para médicos de medicina geral e familiar

Pizarro considera um sucesso o concurso para médicos de medicina geral e familiar

“Atraímos 91%”, disse, acrescentando que a esses números se juntam mais 36 médicos que estavam fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que concorreram.

Manuel Pizarro, que falava na inauguração de uma unidade de saúde mental em Paço de Arcos, Oeiras, concelho onde serão colocados 16 médicos de família, lembrou que o Governo abriu todas as vagas disponíveis no país, 978 vagas, embora sabendo que só haviam 307 novos médicos.

“Era um sinal aos jovens médicos”, justificou Manuel Pizarro, acrescentando depois que foi dado “um sinal claro ao país”, com todos a ficarem a saber quantos médicos seriam necessários para que todos tivessem médicos de família.

Mas, frisou em declarações aos jornalistas, uma percentagem de 91% é “um nível de fixação elevadíssimo”. O ministro acrescentou ter a expectativa de que nos próximos concursos seja possível manter um nível de fixação tão elevado. “Tudo o que for uma taxa de fixação acima de 75% significa que cumprimos o nosso papel”, disse Manuel Pizarro.

Na cerimónia de hoje em Oeiras o ministro reafirmou a aposta na saúde mental, afirmou que o investimento nessa área significará muito mais do que o previsto no Programa de Recuperação e Resiliência, que contempla a criação de 20 equipas de saúde mental comunitária e saudou a aprovação na sexta-feira, pelo parlamento, da nova Lei de Saúde Mental.

Nas respostas aos jornalistas Manuel Pizarro, concordou que são necessários mais psicólogos nas escolas e nos serviços de saúde, admitiu que há um pico de afluxo às urgências no Hospital de Santa Maria, como no ano passado no início do verão, o que poderá estar nas longas esperas nas urgências, e desvalorizou os encerramentos temporários das urgências de obstetrícia de Santa Maria e Caldas da Rainha, devido a obras.

A Unidade de Saúde Mental, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO) que hoje foi inaugurada em Paço de Arcos, no piso superior do antigo quartel de bombeiros, teve um investimento municipal de 850 mil euros e é composta por 12 gabinetes clínicos Psiquiatria/Psicologia/Enfermagem, sala de “Grupos Terapêuticos” e “Unidade de Dia”, além de espaços de apoio administrativo.

O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, salientou na cerimónia que a maioria dos Centros de Saúde do concelho foram construídos pela Câmara, que se propõe comparticipar com mais de 80 milhões de euros em obras que são responsabilidade do Estado.

LUSA/HN

Cabo Verde muda administração do segundo maior hospital após mortes de bebés

Cabo Verde muda administração do segundo maior hospital após mortes de bebés

“Visando criar condições para o bom funcionamento daquele hospital e havendo necessidade de imprimir novas orientações à gestão do serviço, e de modificar as políticas a prosseguir por estes, de forma a torná-las mais eficazes, faz-se necessário proceder a cessação da comissão de serviço dos atuais membros do conselho de administração do hospital, e em sequência nomear os novos membros”, lê-se num despacho assinado pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, de 26 de maio e consultado hoje pela Lusa.

A decisão implica a cessação da comissão de serviço de Ana Margarida Além Brito Dias como diretora daquele hospital central e presidente do conselho de administração, de Laurinda do Rosário Brito, enquanto vogal executiva, e de Paulo Jorge de Pina Almeida, vogal e diretor clínico.

No mesmo despacho, que entra em vigor em 30 de maio, é nomeada Helena Rebelo Rodrigues como diretora e presidente do conselho de administração, Nair Chantre Silva Santos Lucas, vogal e diretora clínica, Vera Lucia Lopes Monteiro, como vogal e enfermeira superintendente, Aristides Manuel Ramos, vogal executivo e administrador, e Paulo Jorge Semedo Miranda Freire, vogal não executivo.

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, pediu em 19 de maio uma “auditoria independente” ao HBS, no Mindelo, São Vicente, recordando a morte de sete recém-nascidos nas últimas semanas.

“Tratando-se de uma situação anormal e, considerando as sistemáticas queixas dos utentes do HBS, penso ser recomendável a realização de uma auditoria independente para uma avaliação organizacional exaustiva e apresentação de recomendações pertinentes”, afirmou o chefe de Estado.

“Tenho seguido com preocupação as notícias da morte, nestes dias de maio, de sete crianças recém-nascidas no HBS. Sei que o Ministério da Saúde e o próprio Hospital estão a fazer as averiguações para identificar as causas destas mortes e tomar medidas cabíveis. E isto é essencial para pôr cobro às inquietações dos cidadãos”, acrescentou.

O Ministério da Saúde de Cabo Verde anunciou no dia 16 de maio a realização de um inquérito à morte, até então, de cinco bebés recém-nascidos, este mês, no HBS.

A investigação, acrescentou, pretende apurar factos como os cuidados médicos, de enfermagem e de atendimento prestados às mães e aos bebés recém-nascidos, bem como as boas práticas de segurança e qualidade da prestação dos cuidados aos pacientes.

Também pretende apurar as causas que estão na origem das mortes dos bebés e os procedimentos técnicos e administrativos adotados na emissão dos atestados de óbito e ainda na comunicação com os pais e familiares.

Para essa investigação, o Ministério da Saúde informou ainda que nomeou uma equipa de especialistas nas áreas de gineco-obstetrícia, neonatologia e enfermagem, composta por profissionais do Hospital Central da Praia e da Direção Nacional da Saúde, que deve apresentar um relatório, até final deste mês.

Em fevereiro, a diretora do Serviço de Neonatologia do Hospital Baptista de Sousa (HBS), Cátia Costa, confirmou a morte de outros cinco bebés recém-nascidos no mês anterior, esclarecendo que as causas foram prematuridade e malformações congénitas.

De acordo com o relatório de Estatísticas Vitais de 2021 do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), a taxa de mortalidade infantil, que contabiliza o número de óbitos de menores de um ano por cada 1.000 nascidos vivos, foi 10,5 em 2021 face aos 11,3 de 2020.

NR/HN/Lusa

Madeira requalifica Unidade de Cuidados Intensivos num investimento de 2,3 ME

Madeira requalifica Unidade de Cuidados Intensivos num investimento de 2,3 ME

“Esta obra vai permitir a requalificação de espaços que já existiam e, sobretudo, vai aumentar a nossa capacidade em 30 camas”, revelou o diretor clínico do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (Sesaram), em declarações à agência Lusa.

A obra, autorizada na reunião do Conselho do Governo da Madeira (PSD/CDS-PP) de quinta-feira tem início previsto para este ano e representa um investimento total de 2,3 milhões de euros.

Júlio Nóbrega referiu que, estudos feitos a nível europeu, revelaram que Portugal “era o país da Europa com menos camas de cuidados intensivos por 100 mil habitantes”, considerando “manifestamente inferior às necessidades quando comparado com os outros países europeus”.

“A Alemanha tinha 29 camas por 100 mil habitantes e a média europeia era 11,5 camas por 100 mil habitantes”, exemplificou.

O diretor clínico apontou que a Madeira, tendo cerca de 250 mil habitantes, aos quais acrescem os turistas (cerca de 35 mil), precisava de “aumentar de forma significativa o número de camas para dar resposta aos doentes críticos”.

O diretor clínico do Sesaram explicou também que “a evolução ao nível dos hospitais será de reduzir o número de capacidade de internamento em termos globais devido ao desenvolvimento da medicina de ambulatório […], ou seja, tudo o que sejam patologias que podem ser tratadas em ambiente de ambulatório”.

“Essa filosofia acarreta uma diminuição do número de camas globais hospitalares, mas, dentro das que temos, temos de aumentar muito as de cuidados intensivos”, sublinhou.

“Porquê? Porque com o aumento da esperança de vida da população, isso acarreta consequentemente o aumento das doenças crónicas, como hipertensão e diabetes”, referiu Júlio Nóbrega, reforçando que, “de acordo com filosofia atual, as camas de cuidados intensivos não são destinadas apenas aos doentes que têm falência de órgãos, mas também aos que estão nessa iminência”.

NR/HN/Lusa

Ordem dos Médicos inicia averiguações sobre morte de doente oncológica em Évora

Ordem dos Médicos inicia averiguações sobre morte de doente oncológica em Évora

A queixa-crime deu entrada no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora e várias cópias seguiram para entidades do setor da saúde, entre as quais a OM, indicou hoje à agência Lusa a advogada da família, Carla Cardoso Cabanas.

Contactada pela Lusa, fonte da OM limitou-se a confirmar que o Conselho Disciplinar Regional do Sul da Ordem dos Médicos iniciou um “processo de averiguação” sobre o caso, na sequência de uma queixa apresentada pela família.

Segundo a advogada Carla Cardoso Cabanas, a OM já notificou a família de que foi instaurado um processo de averiguação.

Além da OM, adiantou, as cópias da queixa-crime foram também enviadas para a administração do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).

Questionada pela Lusa, fonte do Gabinete de Comunicação e Marketing do HESE revelou que a unidade hospitalar, face a uma reclamação apresentada pelo filho da doente, também iniciou um processo de inquérito interno, que se encontra ainda a decorrer.

A mesma fonte assinalou igualmente que o hospital de Évora teve conhecimento do processo de averiguação sumária da OM pela própria Ordem no dia 19 de abril.

“Tendo em conta que estão a decorrer ainda todos os processos, aguardamos as conclusões, sendo prematuro avançar qualquer outra informação”, acrescentou.

A doente com cancro no esófago, de 45 anos, morreu no dia 31 de outubro de 2022, no HESE.

Nas declarações à Lusa, a advogada Carla Cardoso Cabanas disse que a queixa no DIAP de Évora corre contra quatro médicas que assistiram a doente no hospital alentejano por negligência médica.

“Quando foi feito o diagnóstico, percebeu-se que o tumor já estava num estado avançado e foi pedido um exame muito específico, uma PET” (tomografia por emissão de positrões), e, entre a chegada do resultado deste exames e a sua análise, passaram-se “cerca de três semanas”, salientou.

Esta demora, na opinião da advogada, terá acontecido por a médica oncologista se ter ausentado do hospital e por “nem ela nem ninguém” na unidade hospitalar ter analisado o resultado da PET.

“Posteriormente, é sugerida uma intervenção para permitir que a doente se alimente, mantendo, assim, as suas defesas, mas a médica disse que achava que não era necessário e só pediu este procedimento mais de um mês depois”, referiu.

Assinalando que a doente “esteve cerca de dois meses sem se conseguir alimentar”, Carla Cardoso Cabanas realçou que, quando os médicos criaram “um acesso direto ao estômago”, a intervenção “correu mal” e a mulher teve de ser operada três vezes.

Estas três cirurgias, sublinhou, “não teriam sido necessárias caso tivesse sido colocada a PEG [gastrostomia endoscópica percutânea] no momento em que veio o resultado da PET”.

A doente “apenas conseguiu iniciar a quimioterapia no final de agosto” de 2022, cerca de três meses após o diagnóstico, acrescentou.

LUSA/HN

Orientação sobre partos pode “comprometer segurança” – Colégio da Ordem dos Médicos

Orientação sobre partos pode “comprometer segurança” – Colégio da Ordem dos Médicos

O documento da DGS, divulgado em 12 de maio, “suscita dúvidas sobre questões relevantes, que podem comprometer de forma global o fluxo dos procedimentos, incluindo em termos de segurança”, refere o parecer do colégio da especialidade, citado num comunicado da Ordem dos Médicos (OM).

Em causa está a orientação sobre os cuidados de saúde durante o trabalho de parto, que prevê, entre vários pontos, que o internamento hospitalar, nas situações de baixo risco, “pode ser realizado por um médico de obstetrícia e ginecologia ou por um enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica (EEESMO)”.

“Nos partos eutócicos [sem recurso a instrumentos], o responsável pelo parto será preferencialmente um EEESMO, enquanto nos partos vaginais instrumentados será sempre um médico de obstetrícia e ginecologia”, clarifica ainda o documento da DGS.

Esses procedimentos foram propostos pela Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia e Obstetrícia e Bloco de Partos, com o objetivo de uniformizar os cuidados de saúde hospitalares durante o trabalho de parto e de clarificar o papel dos vários profissionais de saúde.

Em 13 de maio, a OM anunciou que iria requerer “a revogação imediata” da orientação, alegando que não refletia as propostas que apresentou e cuja versão final não lhe foi enviada.

“A Ordem dos Médicos vai requerer a revogação imediata desta orientação da DGS, em prol de um processo que seja discutido, inclusivo e transparente, e que garanta a melhor qualidade dos cuidados de saúde às mães e às crianças”, salientou o organismo liderado por Carlos Cortes.

No parecer hoje divulgado, a direção do colégio sublinha a sua disponibilidade para, se a orientação for revogada, continuar a colaborar de forma a encontrar uma solução que “garanta o bom funcionamento das equipas, em prol da prestação dos melhores cuidados de saúde às grávidas e aos recém-nascidos”.

A orientação da DGS apresenta pontos “relacionados com a definição de responsabilidades em todo o processo que poderão ser passíveis de comprometer gravemente a dinâmica das atuais equipas de profissionais médicos e de enfermagem”, adianta ainda o Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia.

Segundo o colégio, as linhas orientadoras definidas pela DGS poderão “levar a uma desarticulação das atuais equipas de profissionais”, criando uma “divisão do que deve ser um trabalho de uma equipa de profissionais, liderada por especialistas de ginecologia e obstetrícia, com médicos e enfermeiros do mesmo lado”.

A “fragmentação em duas equipas autónomas de médicos ou enfermeiros” separados, e a “indefinição das responsabilidades” de cada uma delas durante o parto, é “passível de comprometer gravemente a dinâmica das atuais equipas”, refere ainda o parecer.

O Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia “reafirmou, assim, a discordância com a orientação” no seu formato atual e solicitou que os nomes dos peritos “indicados pelo colégio para colaborarem com o grupo de trabalho sejam removidos do documento”.

À margem de uma conferência hoje em Lisboa, o bastonário Carlos Cortes reafirmou que a Ordem dos Médicos “não foi envolvida” como devia “numa matéria que é eminentemente técnica de segurança das grávidas, das mães e das crianças”.

O parecer do colégio de especialidade, assim como o parecer do Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica, “dão conta efetivamente de haver dificuldades em aceitar a orientação”, porque “não assegura todos os critérios adequados que deviam estar assegurados no cuidado às mães e às suas crianças”, disse o bastonário.

Em 13 de maio, a DGS esclareceu que cinco representantes da OM acompanharam “desde o início ao fim dos trabalhos” a criação da orientação para os cuidados de saúde durante o parto e validaram o documento.

“Todos os representantes e especialistas nomeados produziram e acompanharam o documento desde o início ao fim dos trabalhos”, referiu a direção-geral, acrescentando que o documento final “foi validado por todos os elementos” e que, só depois dessa validação, a orientação em causa foi publicada no ‘site’ da DGS.

LUSA/HN