Maria de Belém: “Saúde da mulher pode fazer crescer a economia global um trilião de dólares por ano”

16 de Abril 2024

Licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, Maria de Belém trabalhou em áreas distintas, sempre com foco no serviço público. Em entrevista à VoiceMED, newsletter da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), a ex-ministra da Saúde e ex-membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra fala, entre outros temas, sobre a saúde da mulher.

Convidada pela tecnológica norte-americana Hologic para coordenar o Grupo de Trabalho “A Saúde das Mulheres em Portugal”, Maria de Belém, conjuntamente com diversas sociedades científicas da área da saúde, produziu um relatório onde foram identificados sinais de alerta de muitas doenças, nomeadamente daquelas que mais matam, com base nos dos homens. De acordo com Maria de Belém “existe uma perspetiva masculina no modelo médico para o ensino, para os ensaios clínicos e para os vários domínios da investigação, que não leva em conta as diferenças biológicas das mulheres, que veem a sua participação e inclusão nestas questões muito reduzida”.

A ex-ministra da Saúde afirma que “problemas que afetam mais as mulheres, como as doenças autoimunes e as cefaleias, são responsáveis por uma diminuição brutal da produtividade, para além do sofrimento que causam”, acrescentando que, tratando-se muitas vezes de “doenças que não são visíveis – uma mulher queixa-se que lhe dói imenso a cabeça, mas ninguém consegue ver essa dor –, infelizmente não é incomum pensar-se que essa dor se trata de uma invenção ou de um motivo para faltar ao trabalho”.

Segundo o relatório Closing the Women’s Health Gap: A $1 Trillion Opportunity to Improve Lives and Economies, do Instituto de Saúde McKinsey, a resolução de questões sobre a saúde da mulher pode fazer com que a economia global cresça o equivalente a um trilião de dólares todos os anos, até 2040. Nesse âmbito, Maria de Belém reflete sobre a importância de se abordar “as questões relacionadas com a saúde da mulher tendo noção da sua verdadeira dimensão, sem o discurso facilitista do antigamente, o «lá estão elas a queixar-se, sem razão nenhuma para isso». Não é verdade. As mulheres têm razão para isso, e é por esse motivo, representando elas metade da Humanidade, que quem tem perdido é a sociedade no seu conjunto”.

PR/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

APDP apresenta projeto “Comer Melhor, Viver Melhor” no Parlamento Europeu

Uma alimentação que privilegie um maior consumo de produtos vegetais, quando planeada equilibradamente, pode contribuir para melhorar os resultados em saúde nas pessoas com diabetes tipo 2, evidencia o projeto “Comer Melhor, Viver Melhor”, apresentado pela APDP no Parlamento Europeu no passado dia 18 de abril.

SIM recebeu 65 candidaturas às Bolsas Formativas

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou hoje que recebeu 65 candidaturas às Bolsas Formativas para apoio à frequência de cursos habilitadores à Competência em Gestão dos Serviços de Saúde.

Abertas inscrições para as jornadas ERS

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) vai realizar no próximo dia 23 de maio a terceira edição das Jornadas ERS – Direitos e Deveres dos Utentes dos Serviços de Saúde. As inscrições já se encontram abertas.

CUF assegura cuidados de saúde a atletas do Rio Maior Sports Centre

A CUF e a DESMOR celebraram um protocolo de cooperação que assegura a articulação do acesso dos atletas em treino no Rio Maior Sports Centre a cuidados de saúde nos hospitais e clínicas CUF. O acordo foi formalizado a 30 de abril no Centro de Estágios de Rio Maior.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights