Investigadores vão determinar efeitos adversos da doença em grávidas e recém-nascidos

22 de Abril 2020

Porto, 22 abr 2020 (Lusa) – Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) vão determinar os “efeitos adversos” da covid-19 em grávidas e recém-nascidos em, pelo menos, 23 unidades de obstetrícia e neonatologia de hospitais públicos do país.

Porto, 22 abr 2020 (Lusa) – Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) vão determinar os “efeitos adversos” da covid-19 em grávidas e recém-nascidos em, pelo menos, 23 unidades de obstetrícia e neonatologia de hospitais públicos do país.

“O conhecimento sobre a infeção para a grávida e para o recém-nascido é muito limitado e escasso, portanto, nesta fase, quer em Portugal, quer a nível internacional é fundamental produzir evidência científica”, afirmou hoje, em declarações à Lusa, Carina Rodrigues, coordenadora do projeto.

O projeto, desenvolvido no âmbito da linha de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) ‘RESEARCH 4 COVID-19’, vai, a partir do dia 01 de maio, “determinar os efeitos adversos da covid-19 na grávida e no recém-nascido”, bem como “identificar as práticas adotadas pelas unidades de obstetrícia e neonatologia na gravidez, parto e puerpério”.

Até ao momento, 23 unidades hospitalares, nas áreas pertencentes e de influência da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) e da de Lisboa e Vale do Tejo, já manifestaram interesse em participar no projeto e colaborar com a equipa de investigadores.

“Cada hospital vai nomear um médico responsável que será aquilo a que chamamos de investigador local, integra a equipa, mas são clínicos que estão responsáveis e que recrutam as grávidas e lhes fazem o convite à participação”, explicou a investigadora.

Segundo Carina Rodrigues, o estudo vai ser conduzido tanto em grávidas infetadas com o novo coronavírus em seguimento, como em grávidas infetadas em momento de parto, sendo a informação recolhida maioritariamente clínica.

“Vamos recolher informação sobre a gravidez, história obstétrica e a infeção por covid. A nossa proposta para as grávidas que estão em trabalho de parto e infetadas é que também sejam recolhidas amostras biológicas da placenta, cordão umbilical, líquido amniótico e leite materno. Isso será feito pelos clínicos de obstetrícia”, referiu Carina Rodrigues

Acrescentou que, “um mês após o parto, a equipa de investigação do ISPUP vai ligar às grávidas e fazer novamente um questionário por telefone e uma avaliação da saúde física e mental dela e do recém-nascido”.

À Lusa, Carina Rodrigues avançou que o objetivo da equipa, composta por mais três investigadores, é produzir um relatório mensal e outro final dirigido ao Ministério da Saúde, Direção-Geral da Saúde (DGS) e unidades hospitalares com “uma proposta de atuação”.

“O relatório servirá de apoio e tem a vantagem de ser baseado no conhecimento produzido em Portugal”, afirmou, acrescentando ainda não saber se a equipa terá oportunidade de dar continuidade ao projeto.

“Temos de apresentar resultados ao fim de três meses, não sei se depois teremos oportunidade de continuar com o projeto, mas pelo menos durante esses três meses vamos estar no terreno a fazer a recolha de dados”, concluiu.

Com um financiamento de cerca de 15 mil euros, este é um dos 66 projetos apoiados pela linha de financiamento ‘RESEARCH 4 COVID-19’, que visa responder às necessidades do Serviço Nacional de Saúde.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 176 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Portugal regista 762 mortos associados à covid-19 em 21.379 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Lusa/HN

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