Médicos de saúde pública defendem continuação de estado de emergência

23 de Abril 2020

Lisboa, 23 abr 2020 (Lusa) - O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, defendeu hoje que o estado de emergência não deve ser levantado no início de maio se o cenário epidemiológico da covid-19 for idêntico ao atual.

Lisboa, 23 abr 2020 (Lusa) – O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, defendeu hoje que o estado de emergência não deve ser levantado no início de maio se o cenário epidemiológico da covid-19 for idêntico ao atual.

Responsáveis políticos, parceiros sociais e epidemiologistas vão avaliar na terça-feira a situação epidemiológica no país e no dia seguinte “o Conselho de Ministros irá definir orientações no sentido de como, de forma gradual e em segurança, se poderá começar a retirar várias restrições que têm vigorado”, segundo o primeiro-ministro António Costa.

Para Ricardo Mexia, esta ainda não é a altura certa para o levantamento do estado de emergência porque “o cenário epidemiológico é muito semelhante” ao que existia quando este foi renovado.

“Se se mantiver esta situação eu acredito que daqui a uma semana, quando for a altura de reavaliar, não vai ser o momento de levantar as restrições na medida em que não tivemos um verdadeiro decréscimo do número de casos”, sublinhou.

O médico de saúde pública explicou que tem havido “uma estabilização [do número de casso] que, obviamente, é melhor do que ter um crescimento exponencial, mas isso não quer dizer que os números estejam a baixar de forma clara”.

“E, portanto, deixo aqui uma nota de preocupação por, eventualmente, termos que reavaliar a situação daqui a uma semana, quando for altura de renovar ou não o estado de emergência, mas se a situação for análoga há que vivemos agora eu vejo com dificuldade que a interpretação possa ser diferente daquela que tivemos há uma semana quando foi decretado mais 15 dias de estado de emergência”, reiterou o presidente da associação.

Sobre a necessidade de retomar gradualmente a atividade económica, Ricardo Mexia afirmou que “a economia beneficia da saúde tal como a saúde também beneficia de uma economia que seja forte e em crescimento”.

“A grande questão é que num cenário que nós levantemos as restrições cedo demais podemos depois vir a pagar o preço disso como já aconteceu em alguns países e, portanto, nós temos que aprender também com a experiência de outros contextos e aplicá-la também a nosso favor”, defendeu.

Nesse sentido, defendeu ainda, é necessário “avaliar de forma muito rigorosa qual é a situação epidemiológica para tomar uma decisão fundamentada para quando for possível reduzir as restrições”.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma “abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais”.

A infeção pelo novo coronavírus SARV-CoV-2, que provoca a doença covid-19, já fez 785 vítimas mortais e infetou 21.982 pessoas, segundo a Direção-Geral da Saúde.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 181 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 593.500 doentes foram considerados curados

Lusa/HN

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