Lisboa, 29 abr 2020 (Lusa) – Os países africanos de língua portuguesa e Timor-Leste dispõem atualmente de capacidade para testar a covid-19 e contam com a colaboração do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), disse à Lusa o seu presidente.
“Temos uma relação muito forte com os países, não só os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), mas também a CPLP, que inclui Timor-Leste”, disse Fernando de Almeida, a propósito da tradicional colaboração entre este instituto e os laboratórios dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Ainda antes de declarada a pandemia, o INSA disponibilizou-se para ajudar os laboratórios destes países e desde logo recebeu pedidos de cooperação de alguns Estados, como Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
A colaboração nesta fase pandémica tem-se registado com Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Angola.
Em relação a São Tomé e Príncipe, Fernando de Almeida explicou que se trata de uma colaboração “mais recente”.
“Temos vindo a dar apoio, não só em termos técnicos e de avaliação e de ajuda na metodologia que eles estão a implementar, mas também já fizemos alguns testes para comparar e para perceber o momento de aflição que eles tiveram lá”, adiantou.
E prosseguiu: “Com Cabo Verde a mesma coisa. Estamos a ajudar a montar a técnica e estamos em colaboração permanentemente”.
“Hoje em dia, felizmente, as novas tecnologias permitem-nos fazer estas videoconferências e é muito mais fácil, pois estamos relativamente impedidos de viajar para esses países”, acrescentou o responsável.
Na Guiné-Bissau, o INSA está a apoiar com técnicos no terreno, com quem os especialistas portugueses têm trocado conhecimentos por videoconferência.
Neste país, “a metodologia foi montada com base nos equipamentos e no ensinamento” do INSA “para a capacitação de recursos humanos quando foi do Ébola”.
“Conseguimos fazer a capacitação. Felizmente não houve nada na Guiné-Bissau sobre o Ébola, mas enquanto lá estivemos formámos e capacitámos pessoas e ficou lá algum equipamento. Agora, eles já conseguiram fazer essa metodologia”, referiu.
A colaboração também se estende a Angola, país com o qual o INSA tem colaborado ao nível dos testes e com quem está “permanentemente em conversação”.
Com Timor-Leste, os especialistas do instituto têm trocado informações técnicas científicas sobre os novos testes, nomeadamente quais os que devem ser utilizados.
A colaboração com estes países deverá em breve aumentar, uma vez que o INSA está em articulação com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua para ver que o tipo de colaboração que, tal como outras instituições, fornecer a Angola, Moçambique, Timor-Leste, Guiné-Bissau, São Tomé e Cabo Verde.
Fernando de Almeida acredita que estes países já dispõem, de um modo geral, de capacidade de resposta à pandemia.
“Podem ter alguma dificuldade momentânea, faltar um regente aqui ou ali, mas a ideia que me chega é que eles têm essa capacidade e está tudo a correr como aquilo que é possível e desejável, atendendo às circunstâncias desta pandemia”, disse.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 214 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 840 mil doentes foram considerados curados.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.467, com 33.273 casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, Guiné Equatorial lidera em número de infeções (258) e uma morte, seguido de Cabo Verde (113 e uma morte), Moçambique (76), Guiné-Bissau (74 e uma morte), Angola (27 infetados e dois mortos) e São Tomé e Príncipe tem oito casos confirmados.
Em Portugal, morreram 948 pessoas das 24.322 confirmadas como infetadas, e há 1.389 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Lusa/HN
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