O primeiro projeto foi iniciado a meio de março, quando a Califórnia entrou em confinamento para mitigar a propagação da covid-19, e envolveu a produção em tempo recorde de 100 mil embalagens para os laboratórios da CoronaTest.
“Nós fazemos embalagens de alta qualidade e eles queriam uma empresa local para trabalhar com eles”, disse à Lusa Fernanda Pereira, fundadora e diretora financeira da Spectrum Lithograph. “Estávamos muito atarefados e no próprio dia pusemos tudo em suspenso para fazer isto, por causa da importância dos testes”.
O projeto devia ter levado três semanas a completar e foi feito em três dias, disse a responsável, explicando que no total já produziram 200 mil embalagens para esta empresa.
A Spectrum Lithograph, fundada em 1981 pelo casal de portugueses, produz embalagens em grande volume para a indústria da saúde, beleza e alimentar. Chanel e Yves Saint Laurent são dois dos seus clientes habituais.
A empresa prepara-se agora para iniciar a produção para outra fabricante de testes caseiros de covid-19, que encomendou dois milhões de embalagens a um ritmo de 100 mil por semana. Fernanda Pereira disse que teve de aumentar a sua equipa para lidar com o fluxo de encomendas, tendo agora 47 empregados a tempo inteiro e cinco em tempo parcial.
“Nunca tivemos um ‘lay-off’. Os nossos empregados estão muito contentes, com a economia como está neste momento, ninguém foi despedido e têm feito muitas horas extraordinárias”, disse a responsável.
A Spectrum Lithograph é responsável por todos os aspetos da produção das embalagens, da impressão à dobragem, e as suas instalações ocupam cerca de 3.700 metros quadrados.
“Neste momento, temos trabalho até agosto e até estamos a recusar mais encomendas”, afirmou Pereira. “Estou muito otimista este ano, mesmo com o que está a acontecer. Muitos dos nossos clientes trabalham desde casa e continuam a funcionar, como se nada tivesse sido interrompido”.
As instalações da Spectrum Lithograph estão localizadas perto da fábrica da Tesla, em Fremont, que reabriu sem autorização do condado de Alameda na segunda-feira. Ao contrário da empresa luso-americana, a fábrica de Elon Musk não foi considerada essencial e estava encerrada compulsivamente.
“A nossa instalação é bastante grande”, explicou Fernanda Pereira. “Não teríamos continuado se não tivéssemos condições. Os empregados trabalham afastados uns dos outros, com máscaras e luvas, e temos uma empresa que faz limpeza profunda uma vez por semana, além das limpezas diárias”, acrescentou. “Estamos a levar as precauções muito a sério”.
Fernanda Pereira nasceu no Faial, Açores, e o marido Dino Pereira nasceu em Lisboa. Conheceram-se na Califórnia e gerem a empresa desde o início dos anos oitenta.
“Somos bem conhecidos na comunidade portuguesa, vamos a todas as festas, ao Clube Atlético Português, todas as sopas, [as festas do] Espírito Santo. Estamos muito envolvidos”, afirmou.
Uma das mais recentes iniciativas ligadas à comunidade foi a impressão e doação de mil livros de atividades para seniores à POSSO – Organização Portuguesa para Serviços Sociais e Oportunidades, em São José, como parte da campanha “Support our Elders” (Apoiem os nossos Anciãos) do Conselho de Liderança Luso-americano.
Devido à pandemia, as Festas portuguesas têm sido canceladas por toda a Califórnia e não há indicação de quando os eventos nos salões portugueses poderão ser retomados. O estado contabiliza neste momento 71.046 casos de infeção de covid-19 e 2.882 mortos.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (82.389) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,3 milhões).
LUSO/HN
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