Cristina Arrábida Doutoranda em Políticas Públicas; ISCTE IUL

“A Nova Normalidade” – Viver com o risco de contágio do coronavírus

05/19/2020

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“A Nova Normalidade” – Viver com o risco de contágio do coronavírus

19/05/2020 | Covid 19, Opinião

Na nova normalidade, em que temos direito a continuar a ter acesso aos cuidados de saúde, para todos os problemas de saúde/doença, acresce no  quotidiano das nossas vidas, cheia de coisas boas, menos boas e coisas difíceis, o facto de estarmos envolvidos numa guerra sem tréguas que não escolhemos nem sequer desenvolver um espírito bélico contra um inimigo muito perigosos e silencioso.
Nesta “guerra mundial”, que não escolhemos, precisamos de nos munir com as armas apropriadas até ser possível a implementação de um plano de vacinação contra o coronavírus, de cobertura universal. E talvez, a nível mundial, possa ser cumprido o sonho a longo prazo de erradica, mais uma doença de elevada transmissão, tal como ainda acontece com doenças endémicas.
Se “formos apanhados” pela doença Covid-19 e apresentarmos alguns sinais e sintomas ligeiros e moderados, esperamos que seja proposto um esquema terapêutico que possa contribuir para o não agravamento da doença, em que o risco se torna elevado, para a nossa vida e qualidade de vida futura.
Como não sabemos o que nos pode acontecer com a doença Covid-19, temos à nossa disposição, um arsenal, que lhe chamaremos, um pacote de cuidados de medidas a aplicar, de forma conjunta.
Nem sequer, nesta guerra, estão todos de acordo, a saúde pública, os políticos interessados na área, os vários governantes e a oposição.
Sabe-se que, o vírus é perigoso e silencioso, o conhecimento científico está a ser produzido a cada segundo mas não foi possível à ciência, ser o maestro da orquestra, em todos os momentos. E nem todos os músicos da orquestra, foram chamados a participar, em simultâneo, na obtenção do consenso científico, apesar da Organização Mundial da Saúde incentivar as adaptações aos contextos de cada país, obtendo, dessa forma, um consenso científico nacional.
Mas Também nos damos conta, que, dada, a importância de uma intervenção, integrada, o governo impera, embora, a esperança de todos se fazerem ouvir, a uma só voz, não se desvaneceu.
Responsabilidades acrescem, dessa forma, ao governo, a procura das políticas públicas de saúde, em defesa da proteção de toda a população, quer os utentes estejam, sob a égide do Ministério da Saúde ou do Ministério do trabalho, Solidariedade e Segurança Social ou do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Mesmo diante dos problemas económicos e de logística e organização da vida quotidiana, que muitos portugueses, agora enfrentam ou viram agravados com esta guerra, têm de gerir toda a informação que circula nas redes sociais e nos media, onde o tema foi politizado, a ciência não marca o compasso, podendo cada um, escolher e transmitir medidas avulsas que correm o risco de serem inconsequentes.
Os portugueses deram conta dos momentos de “não usem máscaras “e de “usem máscaras” ou “usem viseiras”, quase em simultâneo.
Neste momento, existe a obrigatoriedade do uso de máscaras, pelos cidadãos, em espaços públicos, designadamente, em hipermercados, farmácias, bancos, takeway, etc. e, associada a sanções, o uso dessa proteção nos transportes públicos. Em todos estes espaços, o uso obrigatório é condicionado às necessidades dos cidadãos.
Mas o espaço público é no condomínio e é também na rua, nos jardins, onde as pessoas deambulam e essa condicionalidade associada á necessidade ou a sanção, está ausente. Desde pessoas comuns a grupos organizados, os aglomerados sucedem-se. Cabe, a todos os cidadãos, aplicar as melhores medidas de proteção, de acordo com o contexto e ambiente.
Por outro lado, o uso de máscara ou viseira é a única medida imposta, por exemplo, na entrada de hipermercados Não está associado ao uso de máscaras, a Higiene das Mãos com gel + solução alcoólica e, até o uso de luvas de polietileno/transparentes, para manusear, por exemplo, os legumes e frutas. A pessoa entra com a máscara e com as mãos contaminadas, mexe em tudo, sai com a máscara e já contaminou tudo o que tocou.
Na guerra que estamos a travar e que não podemos baixar a guarda, são as pessoas, os cidadãos, em geral, a quem se destinam as medidas, a aplicar no seu dia-a-dia. Nesta perspetiva, compreendemos que importa, a todo, o custo, evitar o risco de medidas avulsas como referimos, caso contrário, correm o risco de serem inconsequentes e de não controlarmos, algumas das variáveis, necessárias à avaliação do seu impacte na fase de desconfinamento gradual.
A Covid-19 não é uma gripe, trata-se de uma doença sistémica, que pode atingir, com elevada agressividade, um conjunto de órgãos, pese embora, que a entrada no nosso organismo se efetue, através do nariz e boca.
É transmitida por pequenas gotículas e aerossóis que lançamos quando respiramos, falamos, espirramos ou tossimos. Mas porque tocamos no nosso nariz, na boca, e, logo de seguida, tocamos em objetos, produtos e superfícies, a possibilidade de outras pessoas tocarem nesses objetos, produtos e superfícies, é muito elevada.
Se tomarmos em conta, o número de pessoas, com o diagnóstico da doença Covid-19, e se o número real de todas as pessoas com a doença fosse 20 ou 30 vezes superior aos casos diagnosticados, o número não seria suficiente para atingir a percentagem da população portuguesa imunizada, é aquela que, peritos consideram que poderia proteger, o resto da população, evitando surdos endémicos.
A exposição da população, aparentemente, saudável, ao coronavírus, para uma imunidade de uma grande parte da população teria custos elevadíssimos, em termos de taxa bruta de mortalidade.
Não existem vantagens na exposição ao vírus, pelos cidadãos saudáveis.
A responsabilidade da proteção das pessoas vulneráveis, incluindo os idosos, será de todos nós, cidadãos, cuidadores formais e informais e profissionais de saúde.
Todos têm de se proteger, com proteção, em particular, para todas pessoas vulneráveis, incluindo idosos, através, não de uma ou duas medidas, mas de um conjunto de medidas a aplicar, o arsenal de cada cidadão.
Quando sair para a rua, use máscaras cirúrgicas ou com estas propriedades. Se é vulnerável, use máscara apropriada N95 ou FFP2 e se não tem, use máscara cirúrgica ou com estas propriedades e, se possível, uma viseira. As pessoas saudáveis podem complementar o uso de máscara com viseira. Evite usar viseira de forma isolada para ajudar a proteger as outras pessoas.
Os profissionais de saúde quando circulam nas unidades de saúde ou nos espaços públicos usam mascaras cirúrgicas. Quando executam cuidados de saúde ao cidadão, usam respiradores FFP3.
Quando sair à rua, leve consigo solução alcoólica com gel para Higiene das Mãos. À entrada de qualquer instalação (farmácia, supermercado, etc.), use a solução alcoólica com gel ou aceite a oferta do uso de solução alcoólica com gel, bem como, de luvas, para manusear a fruta ou legumes ou para retirar algum produto das prateleiras.
Sempre que se deslocar a uma casa de banho fora de casa, após lavagem das mãos com água e sabão, use solução alcoólica com gel.
Com todas as medidas, mantenha distância física. As pessoas, como nunca, eventualmente, com níveis de ansiedade e stress, nunca deram tantos encontrões noutras pessoas como agora, nos supermercados, em que tem existido, um número limitado de pessoas no mesmo espaço.
Sempre que regressa a casa, escolha um local próximo da porta de entrada da sua casa para guardar as chaves e outros objetos, bem como o calçado que usou fora de casa. Coloque a arejar os seus casacos, em local seguro. Tome um duche e lave o cabelo, sempre que possível. Lave a sua roupa a mais de 60º, sempre que possível, caso contrário a 60º e passe a roupa a ferro ou coloque-a num saco hermeticamente fechado, para a lavandaria ou limpeza a seco. Coloque o máximo das compras que efetuou, em embalagens suas, em casa. Use álcool a 70° ou solução com lixívia para desinfetar pacotes e embalagens que não pode desperdiçar. Guarde, sempre, em local seguro, as soluções alcoólicas e as soluções com lixívia. Mantenha as rotinas de limpeza e desinfeção de todas superfícies na sua casa. Exerça o seu direito de literacia em saúde junto da sua família e dos seus contactos sociais. CA

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