Sexo é um “exercício” difícil para o coração?

19 de Maio 2020

À medida que envelhecem, muitos homens interrogam-se se o sexo é uma boa forma de fazer exercício ou se será muito árduo para o coração. Estas perguntas podem parecer brincadeira, mas são muito importantes e agora têm respostas científicas sólidas.

À medida que envelhecem, muitos homens interrogam-se se o sexo é uma boa forma de fazer exercício ou se será muito árduo para o coração. Estas perguntas podem parecer brincadeira, mas são realmente muito importantes e agora têm respostas científicas sólidas.

Para avaliar os efeitos cardiovasculares da atividade sexual, os investigadores monitorizaram voluntários enquanto caminhavam numa passadeira, no laboratório, e durante atividades sexuais privadas em casa. Além de mulheres, os voluntários incluíram 19 homens com uma idade média de 55 anos. Cerca de três quartos dos homens eram casados e quase 70% apresentavam algum tipo de doença cardiovascular; 53% estavam a tomar betabloqueantes. Apesar dos seus problemas cardíacos, os homens referiram fazer exercício cerca de quatro vezes por semana e relataram ter atividade sexual cerca de seis vezes por mês, em média.

Os investigadores monitorizaram a frequência cardíaca e a pressão sanguínea durante os testes de exercício numa passadeira rolante e durante a atividade sexual “usual” com um parceiro familiar em casa. Todos os atos sexuais foram concluídos com relação sexual vaginal e orgasmo masculino.
A passadeira mostrou-se mais extenuante. Numa escala de intensidade de 1 a 5, sendo 5 o mais alto, os homens avaliaram o exercício na passadeira rolante como 4,6 e o sexo como 2,7. O sexo era ainda menos árduo para as mulheres em termos de frequência cardíaca, pressão arterial e intensidade percebida de esforço.

Sexo como exercício

Os homens parecem gastar mais energia a pensar e a falar sobre sexo do que no próprio ato sexual. Durante a relação sexual, a frequência cardíaca de um homem raramente ultrapassa os 130 batimentos por minuto, e sua pressão arterial sistólica fica quase sempre abaixo de 170.

No geral, a atividade sexual média é classificada como “leve” a “moderada” em termos de intensidade do exercício. Quanto ao consumo de oxigénio, chega a cerca de 3,5 METS (equivalentes metabólicos), o mesmo que dançar o foxtrot ou jogar pingue-pongue. O sexo queima cerca de cinco calorias por minuto; são quatro mais do que um homem gasta a ver televisão, mas é o mesmo que caminhar no campo para jogar golfe. Se um homem puder subir dois ou três lances de escada sem dificuldade, deve estar em forma para fazer sexo.

Sexo como sexo

Apanhar as folhas que caem no chão pode aumentar o consumo de oxigénio de um homem, mas provavelmente não fará o motor funcionar. O sexo, é claro, é diferente, e a excitação e o stresse podem muito bem gerar adrenalina extra. Tanto a excitação mental como o exercício físico aumentam os níveis de adrenalina e podem desencadear ataques cardíacos e arritmias.
O sexo pode fazer o mesmo? Em teoria, pode. Mas, na prática, é realmente muito pouco comum, pelo menos durante o sexo convencional com um parceiro conhecido.

Estudos minuciosos mostram que menos de um em cada 100 ataques cardíacos está relacionado com a atividade sexual e, para arritmias fatais, a taxa é de apenas um em 200. Por outras palavras, para um homem saudável de 50 anos, o risco de ter um ataque de coração a qualquer momento é de um num milhão; o sexo duplica o risco, mas mesmo ainda são apenas dois num milhão. Para homens com doença cardíaca, o risco é 10 vezes maior – mas mesmo para esses, a possibilidade de sofrer um ataque cardíaco durante o sexo é de apenas 20 num milhão.

E o Viagra?

Antigamente, a biologia humana fornecia proteção não intencional (e talvez indesejada) para homens com doenças cardíacas. Isso ocorre porque muitas das coisas que causam doenças cardíacas, como o tabagismo, diabetes, tensão alta e níveis anormais de colesterol, também causam disfunção erétil. O elo comum é a aterosclerose, que pode danificar as artérias do pénis e do coração.

Sildenafil (Viagra), vardenafil (Levitra), tadalafil (Cialis) e avanafil (Stendra) mudaram este panorama. Cerca de 70% dos homens com disfunção erétil (DE) respondem aos medicamentos para a DE o suficiente para permitir a relação sexual. O sexo pode ser seguro para a maioria dos homens com doenças cardíacas, mas os medicamentos para a disfunção erétil são uma maneira segura de fazer sexo?

Para homens com doença arterial coronária estável e hipertensão bem controlada, a resposta é sim. Homens que tomam medicamentos com nitratos, seja qual for a forma de administração, não podem usar medicamentos para a DE. Esta restrição abrange todas as preparações, incluindo nitratos de ação prolongada; sprays, adesivos ou nitrato de amila. Felizmente, há outros tratamentos para a disfunção erétil que são seguros para homens que têm doença cardíaca, mesmo se estiverem a tomar nitratos.

Sexo seguro

O sexo é um ato normal da vida humana. Para todos os homens, com doenças cardíacas ou não, a melhor maneira de fazer sexo seguro é manter-se em forma, evitar o tabaco, exercitar-se regularmente, ter uma boa alimentação, manter o peso ideal e evita o álcool. Escusado será dizer que os homens não devem iniciar a atividade sexual se não estiverem a sentir-se bem, e se sentirem eventuais sintomas cardíacos durante o sexo devem interromper a atividade sexual imediatamente.

Com estas orientações e precauções simples, o sexo é seguro para o coração – mas também deve ser seguro para o resto do corpo. As doenças sexualmente transmissíveis representam uma ameaça maior do que os problemas cardíacos induzidos. Quando se trata de sexo, os homens devem usar o cérebro e o coração.

Para saber mais sobre como o sexo pode mudar para os mais velhos e como realizar todo o potencial do sexo na vida adulta, leia o Relatório Especial de Saúde de Harvard, intitulado “Sexuality in Midlife and Beyond”.

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