[xyz-ips snippet=”Excerpto”]
De que forma podemos estar preparados para as contingências desta realidade 2.1?
Dia 4 de Maio de 2020 assinalou o fim do nosso Estado de Emergência, passando para um momento de menor gravidade – não narrativa, pois essa aumentou com a semântica! – o Estado de Calamidade. Já podemos sair à rua e fazer a nossa vida, mas com regras e limites a cumprir. Estarão todos conscientes desses limites? E preparados para sair e estar com os outros? Estamos todos prontos para perceber o que será diferente? Continuamos cautelosos com a nossa vida e com a dos outros?
A propagação do vírus COVID-19 trouxe ao mundo moderno e civilizado um ensinamento de tempos antigos: a vida muda muito rápido, variadíssimas vezes, de diferentes formas e feitios e por razões que nem sempre controlamos ou conhecemos. Foi o caso. De repente, estamos confinados em casa, em isolamento social. Uns, mais sortudos, estão com a família. Outros, mais azarados, estão sozinhos.
Outros, ainda, têm mais sorte em estar sozinhos e outros muito azar em estar acompanhados. Todas as combinações são possíveis e trouxeram ao de cima vários desafios, estes dentro de casa. As relações familiares intensificam-se e têm de se organizar, obrigatoriamente, neste novo formato de funcionar, seja para evitar conflitos ou para os resolver. Seja em tele-trabalho ou sem ele, a partilha de espaços, de horários, de rotinas e, mesmo, de formas diferentes de fazer as pequenas coisas da casa, terão de ser alvo de atenção e adaptação para tudo continuar o mais tranquilo possível, sem conflitos e com promoção de inter-ajuda. Existem, claro, os heróis que continuam a trabalhar para que a vida em sociedade não pare. Para estes, muitas das vezes não há, sequer, as idas a casa. Outra nova forma de viver.
Pedem-nos que limpemos tudo muito bem, que seja tida atenção a locais comuns a mais pessoas, que não toquemos em interruptores ou maçanetas, que desinfectemos correio e compras, que evitemos estar com outras pessoas e que, em caso disso, se mantenha a distância higiénica. Ligar aqui o interruptor obsessivo é capaz de ajudar. A questão de fundo é se, depois disto tudo, ele se pode desligar de forma fácil, tal como foi ligado!
Intensificando, 24 sobre 24 horas do dia, o funcionamento com os nossos mais próximos, sair à rua terá de ser novamente alvo de um processo de adaptação – como em tudo, claro – que em nada tem de “normal”. Nesta situação em que vivemos, voltar à rua não é, nem pode ser, só “normal”. Quem assim o achar, estará a descurar alguns pontos de atenção a ter. Já estiveram junto a pessoas que não conhecem? Começa o alarme a tocar: Tem máscara? Tem luvas? Tem cara de doente ou de pessoa que se cuida? Bem, mais vale afastar-me um pouco, suster a respiração e ir por aquele lado. Já passaram por isto?
A sensação de controlo continua em baixo devido à alta percepção que temos do risco à nossa volta, seja ele real ou não. Ainda está a nossa ansiedade em níveis muito elevados para conseguirmos não estar em alerta e em modo sobrevivência. Mas, então, é suposto que assim seja, não é? Foi o que nos foi pedido por sete semanas, para que estivesse activo e atento, para não nos infectarmos a nós nem aos outros. E agora, de repente, já podemos ir para a rua? Parece uma armadilha! Da nossa mente, claro está.
Temos de sair, claro. O COVID-19 versão 2.0.
Com precaução, numa adaptação de comportamentos e pensamentos sobre nós e sobre os outros que nos protejam a nós e aos outros, no sentido de não voltarmos para casa, todos, já amanhã. É a Vida versão 2.1.
E vamos conseguir sim! Só temos de arranjar uma nova normalidade onde ter atenção não nos torne obssessivos mas sim cuidadosos, conscientes mas não ansiosos, sem ter a tendência de fazer a mais porque outros fazem a menos, sem a mania de acharmos ser a excepção quando tudo se mostra geral. Temos de voltar a viver e encontrar uma nova forma de o fazer e, para isso, precisamos de uma mente sã, forte e saudável! Agora, mais do que nunca. Cuidar de mim, cuidar dos meus, esperar que todos o façam e seremos todos melhores pessoas para nós e para os outros. Aprender com isto tudo e continuar a viver, conscientes de que temos uma realidade 2.1, diferente da anterior, com coisas boas e coisas más, mas que nos iremos adaptar, como sempre.
0 Comments