Esclerose múltipla progrediu em 20% dos doentes por causa da pandemia

27 de Maio 2020

 A maior parte dos doentes com esclerose múltipla teve as consultas de acompanhamento alteradas por causa da pandemia de Covid-19 e em dois em cada 10 a doença progrediu, indica um estudo nacional divulgado esta quarta-feira.

O estudo indica também que, apesar de a maioria (55,9%) ter tido alterações nas consultas de acompanhamento, três em cada quatro reconhece um esforço dos profissionais de saúde para manter o acompanhamento, mesmo que à distância.

De acordo com os dados do estudo, elaborado em parceria com a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), a Associação Nacional de Esclerose Múltipla (ANEM) e a Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM), dois em cada dez (17,8%) viram a doença progredir e mais de metade (59,3%) adotaram medidas de prevenção adicional, tendo em conta o risco acrescido de complicações para estes doentes se forem contaminados com Covid-19.

“São doentes que tomam uma medicação que mexe com o sistema imune, logo têm maior risco” de complicações se contraírem Covid-19, explicou à Lusa a neurologista Lívia Sousa, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que participou no desenvolvimento do estudo.

Os dados recolhidos indicam ainda que três em cada quatro doentes não sentiram dificuldade no acesso à medicação, um problema apenas apontado por 21,9% dos inquiridos.

Em declarações à Lusa, Lívia Sousa explicou o esforço dos serviços médicos para se reorganizarem, mantendo sempre o acompanhamento a estes doentes, mesmo à distância, e adiando apenas os casos de primeiras consultas.

A especialista disse ainda que a recuperação de serviço, no caso do centro onde trabalha, que já está a decorrer e deverá ficar concluída depois do verão.

O estudo, que teve o apoio da empresa farmacêutica Merck e foi feito a propósito do Dia Mundial da Esclerose Múltipla, que se assinala no sábado, indica também que mais de um terço (38,2%) dos inquiridos confirmam um sentimento de insegurança em relação ao tratamento da sua doença nestes tempos de pandemia, com quase metade (45,7%) a temer perder ainda mais as capacidades motoras.

A grande maioria dos doentes (81,9%) reconhecem o maior risco de doença grave se for contaminado com o novo coronavírus e, por isso, 59,3% dos inquiridos disseram ter tomado medidas adicionais de prevenção como o isolamento/confinamento social (34,4%).

Questionados sobre a principal necessidade enquanto doentes com esclerose múltipla, em contexto de pandemia, os inquiridos revelam que o acesso a medicamentos, ou a falta destes, é a principal preocupação (23,9%), seguido do apoio psicológico (22,2%) e do apoio financeiro (18,8%).

A esclerose múltipla é uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central. Não existe um padrão de sintomas definido para a doença, mas os mais comuns são a fadiga, alterações na marcha, dormência, sensação de rigidez e espasmos musculares, fraqueza, problemas de visão e tonturas.

Os últimos dados oficiais indicam que Portugal regista 1.342 mortes relacionadas com a Covid-19 e 31.007 casos de infeção, mas mais de metade dos doentes (18.096) já foram dados como recuperados.

Em todo o mundo, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 346 mil mortos e infetou mais de 5,5 milhões de pessoas. Quase 2,2 milhões de doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.

LUSA/ HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Brasil declarado livre de febre aftosa sem vacinação

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de carne bovina, foi declarado livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), anunciou hoje a associação patronal brasileira do setor.

Informação HealthNews: Ana Paula Martins será reconduzida no cargo

De acordo com diferentes fontes contactada pelo Healthnews, Ana Paula Martinis será reconduzida no cargo de Ministra da Saúde do XXV Governo constitucional, numa decisão que terá sido acolhida após discussão sobre se era comportável a manutenção da atual ministra no cargo, nos órgão internos da AD. Na corrida ao cargo, para além de Ana Paula Martins estava Ana Povo, atual Secretária de Estado da Saúde, que muitos consideravam ser a melhor opção de continuidade e Eurico Castro Alves, secretário de estado da Saúde do XX Governo Constitucional.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights