Investigadores desenvolvem app para enxaquecas

27 de Maio 2020

Uma nova aplicação, que está a ser desenvolvida por investigadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e do Hospital St. Olavs, pretende tratar as enxaquecas sem a utilização de medicamentos.

Uma em cada sete pessoas sofre de enxaquecas e uma em 100 tem dores de cabeça crónicas. A enxaqueca pode destruir a vida social de um indivíduo e interferir na sua capacidade de trabalho. A medicação tradicional ajuda algumas pessoas, mas tem efeitos colaterais frequentes.

Uma nova aplicação, que está a ser desenvolvida por investigadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) e do Hospital St. Olavs, pretende tratar as enxaquecas sem a utilização de medicamentos.

“A ativação inadequada do sistema nervoso autónomo devido, por exemplo, ao stress, pode desencadear crises de enxaqueca”, refere Alexander Olsen, professor associado do Departamento de Psicologia da NTNU.

“Quando o sistema nervoso é ativado, reflete-se em alterações na frequência cardíaca, tensão muscular e temperatura dos dedos. Normalmente, não temos acesso direto a esses sinais, mas se os monitorizarmos com sensores, podemos treinar-nos para os controlar”.

A aplicação, em desenvolvimento no “Oslo Science Park”, recebe dados sobre os processos físicos de uma pessoa a partir de dois sensores corporais. E também contém um diário onde o usuário regista o uso de medicamentos, a duração, força e localização das enxaquecas.

“Construímos inteligência artificial para que a aplicação se possa adaptar a cada doente”, diz Cathrine Ro Heuch, gerente da empresa “Nordic Brain Tech”, detida pela Universidade.

“A inteligência artificial compara as informações sobre os sinais do corpo e o diário, fornecendo feedback ao paciente para otimizar o seu treino. Também adicionamos um elemento de jogo para que o doente obtenha uma pontuação, entre 0 e 100, no treino. O objetivo é que o aplicativo possa prever as crises, duração e intensidade”.

Para ativar o aplicativo, o usuário faz uma sessão de treino de dez minutos todos os dias. Coloca-se um sensor no músculo trapézio no pescoço, para medir a tensão muscular, e outro no dedo para medir a frequência cardíaca e a temperatura. Os sensores enviam os dados para o smartphone do doente, que os exibe no écrã.

De acordo com Erling Andreas Tronvik, do Hospital St. Olav, “ o stress pode desencadear crises de enxaqueca. Não apenas stress negativo, mas também stress positivo, como quando estamos ansiosos por uma festa ou por um feriado. Sabemos que o sistema nervoso autónomo pode ser treinado para reduzir as crises de enxaqueca. A aplicação tenta tirar partido dessa capacidade”.

Usar a aplicação em conjunto com medicamentos também é uma opção. Os medicamentos atuais podem reduzir a dor em cerca de 30%, em média, e diminuir o número de crises. No entanto, os médicos sentem relutância em prescrever esses medicamentos às crianças e aos adolescentes. “Acho que faz sentido tentar a solução da app como o primeiro tratamento para crianças e jovens, se o método funcionar tão bem quanto esperamos”, diz Tronvik.

NR/HN/Adelaide Oliveira

 

 

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