“Têm um orçamento gigantesco para ‘marketing’. Gastam em média um milhão de dólares por hora porque precisam de encontrar utilizadores para substituir os oito milhões que morrem prematuramente todos os anos”, afirmou o coordenador da unidade Sem Tabaco da OMS, Vinayak Prasad, numa conferência de imprensa virtual.
A pandemia da covid-19, uma doença que ataca na maior parte dos casos o sistema respiratório, levou a indústria a adotar “táticas perversas”, como a distribuição de máscaras respiratórias com os seus logótipos e a patrocinar investigação de vacinas, indicou o diretor do departamento de promoção da saúde da OMS, Ruediger Krech.
Na África do Sul, a indústria tabaqueira processou o governo por este se ter recusado a considerar o tabaco um produto essencial durante o confinamento imposto pela covid-19, indicou Prasad.
Estas iniciativas são de uma indústria que sente o seu mercado a escapar, até porque durante a pandemia aumentaram as solicitações para programas que ajudam a deixar de fumar.
“A indústria vira-se para mercados sem nenhuma ou pouca regulação” para “viciar uma nova geração de jovens”, quando atualmente, já há “mais de 14 milhões de crianças entre os 13 e os 15 anos que usam produtos de tabaco”, destacou Krech.
“A indústria quer mantê-los viciados para conservar os seus lucros, mesmo sendo completamente contra os princípios da saúde pública”, afirmou a presidente do secretariado da convenção para regulação do tabaco, Adriana Blanco Marquizo.
Para isso, vendem “cigarros eletrónicos com sabores, como se fossem pastilhas elásticas ou doces, patrocinam-se festas e concertos” como táticas para viciar jovens.
“Cem milhões de fumadores começaram antes dos 15 anos”, lembrou Krech, que citou números da Suíça segundo os quais 16,8 por cento dos jovens usam cigarros eletrónicos, enquanto nos adultos a percentagem é de 15%.
Números conjuntos de 39 países indicam que 09% os usam.
A nível mundial, 44 milhões de crianças e adolescentes fumam, segundo os números da OMS, que considera que “todos os produtos de tabaco são prejudiciais”, sem distinção entre cigarros e dispositivos como os cigarros eletrónicos.
“Se não tivermos cuidado, arriscamo-nos a perder todo o caminho feito nos últimos 50 anos” contra o tabagismo, afirmou Krech, antecipando o Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala todos os anos a 31 de maio.
A OMS “apela a todos os setores para ajudarem a travar as táticas de ‘marketing’ das indústrias do tabaco e similares, que são predadoras de crianças e jovens”.
LUSA/HN
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